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“A Identidade de Gênero e a Igreja”

Por Rev. Ronaldo P. Mendes

O QUE SE ENTENDE POR IDENTIDADE DE GÊNERO?
Podemos dizer que a identidade de gênero é o modo como o indivíduo se identifica com o seu gênero. É como a pessoa se reconhece: homem, mulher, ambos ou nenhum dos gêneros. É a maneira individual e interna de viver o gênero, que pode ou não corresponder ao sexo biológico. O que determina a identidade de gênero é a maneira como a pessoa se sente e se percebe, assim como a forma que esta deseja ser reconhecida pelas outras pessoas.
A “identidade de gênero” pode ser medida em diferentes graus de masculinidade ou feminilidade, sendo que estes podem mudar ao decorrer da vida, de acordo com alguns psicólogos.
Existem três principais tipos de identidade de gênero:
O cisgênero (gênero binário): A origem da palavra vem do latim, onde o prefixo cis- significa “ao lado de” ou “no mesmo lado de”, fazendo alusão à identificação, à concordância da identidade de gênero da pessoa com sua configuração genital e hormonal de nascença e o gênero do indivíduo. Um indivíduo cisgênero está em completa conformidade com seus órgãos genitais. Por exemplo, uma pessoa do sexo masculino, se expressa socialmente conforme o sexo masculino e se reconhece como um homem. É alguém que está em harmonia com a criação de Deus (cf Gn 1.27).
O não-binário é a classificação que caracteriza a mistura entre masculino e feminino, ou a total indiferença entre ambos. Os indivíduos não-binários ultrapassam os papéis sociais que são atribuídos aos gêneros, criando uma terceira identidade que foge do padrão “homem-mulher”. Não-binaridade de gênero define todos aqueles que não se identificam nem 100% gênero feminino e nem 100% gênero masculino. Assim como pessoas binárias (mulheres e homens) sabem que são mulheres ou homens, as pessoas não-binárias também sabem que não são nem mulher e nem homem simplesmente.
Os gêneros não-binários são infinitos.Por exemplo, um gênero não-binário é o agênero, que se caracteriza basicamente pela ausência de gênero. Também há o bigênero, que se caracteriza pela vivência de dois gêneros simultaneamente (por exemplo: mulher e homem ao mesmo tempo), entre outros.
Transgênero: Quando se fala em gênero, há dois papéis estabelecidos por Deus: o homem e a mulher (Gn 1.27). Sua constituição e comportamento estão ligados ao sexo biológico. Porém, quem é transgênero normalmente tem a sensação de ter nascido no corpo errado e sofre um desconforto constante em relação ao próprio sexo. O transgênero não se identifica com o seu gênero biológico. Ele/ela tem um sexo, mas se identifica com o sexo oposto e espera ser reconhecido e aceito como tal. Pessoas transgênero às vezes são chamadas de transexuais se desejam assistência médica para a transição de um sexo para outro.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE TRANSEXUAIS E TRAVESTIS?
Os nomes dos grupos podem parecer semelhantes, mas existem diferenças.
Desde os anos 70, que foram marcados pela luta por liberdade sexual, o mundo deixou de ser 100% heterossexual e passou a abrigar diferentes conceitos sobre sexualidade. Assim temos os travestis, transexuais e transgêneros, etc. Acredito ser de real importância para nós cristãos sabermos o que significa cada um, já que o conhecimento é fundamental na hora de lidar com tais questões.
Travesti: Originalmente um travesti era alguém que se vestia com roupas do sexo oposto para se apresentar em shows e espetáculos. Porém, nos dias de hoje, esse termo passou a referir-se a um indivíduo que não se sente 100% pertencente a nenhum dos sexos. Alguns vão mais além e se proclamam como um terceiro gênero.
Para muitos, travesti, trata-se de um homem que se veste de mulher. Na verdade, travesti pode ser homem ou mulher, sendo que o ponto de partida é uma não identificação com o seu sexo biológico. Uma mulher travesti é uma mulher homossexual, que além de se vestir como homem, se porta como tal.
Muitos mudam seus nomes, corte de cabelo, modos e trejeitos e timbre de voz. Alguns chegam a usar hormônios, realizar cirurgias plásticas, como o silicone nas mamas e nádegas.
Como geralmente não há o desconforto com seu sexo de nascimento não costumam fazer a cirurgia de mudança de sexo.
Transexual: O termo “transexual” foi introduzido ao idioma inglês em 1949 por David Oliver
Cauldwell e popularizado por Harry Benjamin em 1966, ao mesmo tempo que o termo “transgênero” foi cunhado e começou a ser popularizado. Desde a década de 1990, o termo “transexual” tem sido geralmente utilizado para descrever o subconjunto de pessoas transexuais que desejam transitar permanentemente para o sexo com o qual se identificam e que para isso procuram assistência médica (por exemplo, a cirurgia de mudança de sexo).
A forma mais fácil de explicar a transexualidade é apontá-la como uma “radicalização” do transgenerismo. O sentimento de não pertencer ao gênero biológico é tão intenso que há uma repulsa por tudo aquilo que é característica do seu sexo de nascimento.
Por isso, o transexual é aquele que deseja alterar sua constituição biológica e fazer a mudança de sexo, sendo a cirurgia a única forma de se sentirem totalmente identificados e correspondidos na identidade de gênero que sentem pertencer.
O movimento LGBT’s (sigla usada para designar lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) vem lutando para que pessoas transgênero possam ter a retirada da menção de sexo biológico dos documentos oficiais, abolição dos tratamentos binários para pessoas intersexo. Atualmente no Brasil, existem muitos hospitais que realizam a cirurgia de forma privada e gratuita, mas a fila para o acesso gratuito é muito grande, podendo levar anos para ser atendidas.

A IGREJA FRENTE À IDENTIDADE DE GÊNERO
A “Identidade de Gênero” é uma questão que nós cristãos precisamos observar atentamente com sabedoria, carinho e sem qualquer preconceito. A igreja não pode fugir para o seu “mundinho gospel” e ignorar esta realidade que muitas vezes está dentro dela. Será que estamos preparados para ajudar um menino que acha que é uma menina? O que fazer quando entre os alunos da EBD, surgir um aluno que não quer ser menino ou menina? Como tratar um casal que tem uma filha ou filho transgênero? E o que dizer para um transexual operado que converteu a Cristo? O simples fato de não concordar com tais problemas não é a solução. A solução é que estas pessoas sejam libertas de tais ideologias e conceitos (cf Jo 8.36) e orientadas quanto à vontade de Deus.

O QUE FAZER?
Fale sempre a verdade com amor. E com base bíblica, mostre que existe um único Deus criador. Faça uma série de estudos sobre a criação (Gn 1:3). Explique que Deus determinou como deve ser o relacionamento sexual do ser humano. Deixe claro que qualquer distorção na relação sexual do homem é abominação diante do Senhor (Lv 18.22). Fale de onde vem essa distorção na sexualidade humana (cf Rm 1.18-32) e mostre que uma vida de santidade é o que Deus exige para todo aquele que conhece a Cristo (cf Lv 20.7).
Seja bondoso e misericordioso. Não afaste essas pessoas com o preconceito pecaminoso. Ao tratar de identidade de gênero na igreja, tenha sabedoria e use as palavras para a edificação do Corpo de Cristo (cf Ef 4.29). Faça com que sua igreja se torne um lugar acolhedor onde pessoas que estão confusas possam ter apoio.

COMO LIDAR COM TRANSEXUAL OPERADO QUE CONVERTEU A CRISTO?
Primeiramente você deve entender que esse tipo de pecado não é o pior de todos. O único pecado que não tem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo (cf Mt 12.31). O pecado do transexual não é diferente de outros pecados. A diferença está na consequência. Pois, infelizmente a operação para mudança de sexo, em muitos casos é irreversível. Assim, o caminho para muitos transexuais convertidos é aprender a viver como estão. No entanto, a igreja deve investir tempo no preparo dos seus membros para ser apoio para esse crente novo. Se possível, monte um grupo de apoio. Para isso, dê um preparo adequado a esse grupo. Existem muitos cursos de aconselhamento cristão que ajudarão muito nessa tarefa. Se for preciso buscar algum profissional na área de aconselhamento, que a Palavra de Deus seja o alicerce. O que esse “ex-transexual” precisa é de apoio, amor, estudo da Palavra e oração. E tudo isso a Igreja pode oferecer.

FONTES DE PESQUISA:
Marco Antonio Coutinho Jorge e Natália Pereira Travassos. Transexualidade: O corpo entre o sujeito e a ciência (Transmissão da Psicanálise); Ed. Zahar, 1ªEdição;
Simone Beauvoir, O Segundo Sexo. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro 1980
Jaqueline Gomes de Jesus, Orientações sobre identidade de Gênero: Conceitos e termos – Brasília, 2012
Gerald Ramsey, Transexuais: Perguntas e Respostas (Ed. GLS, 1998)
Berenice Bento, O que é Transexualidade (Brasiliense, 2008)
Luiza Carla Cassemiro, Travestilidade, Transexualidade: revisão da literatura recente das Ciências Sociais. PUC-Rio, 2010

Exemplos de gêneros não-binários:
Aqui estão alguns exemplos de gêneros não-binários, que são os gêneros que não se limitam ao binário de só-e-totalmento-mulher e só-e-totalmento-homem. São infinitos gêneros.