“A Ideologia de Gênero, Algumas Considerações”

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“A Ideologia de Gênero, Algumas Considerações”

O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo francês Antoine Destutt de Tracy (1754-1836).  Este filósofo o empregou pela primeira vez em seu livro “Elementos de Ideologia” (1801) para designar o “estudo científico das ideias”. Destutt usou alguns métodos e teorias das ciências naturais (física e biologia) para compreender a origem e a formação das ideias (razão, vontade, percepção, moral, entre outras) a partir da observação do indivíduo em interação com o meio ambiente.

Anos depois à publicação do livro de Destutt Tracy, o termo ideologia foi utilizado com outros significados. A “ideologia” passou a ser definida como um sistema de ideias, pensamentos e deduções de uma pessoa, de um grupo de indivíduos ou de uma época. Não é científico. A ideologia pode estar ligada a ações políticas, econômicas e sociais. Possui um sentido amplo e significa aquilo que seria ou é ideal.

Foi o psicólogo e sexista John William Money (1921-2006) o pioneiro no uso de gênero com sentido de sexo. Sua influência foi decisiva para a criação da teoria da identidade de gênero. Ele acreditava que não era tanto a biologia que determinava se somos homens ou mulheres, mas a maneira como somos educados, e já a partir da década de sessenta tinha pretendido demonstrar que a sexualidade depende mais da educação do que dos genes. Money dizia que “o gênero é certo tipo particular de conduta do homem e mulher”. (“Sexual Signatures on Being a Man or a Woman” 1975). Depois dele, o psicanalista Robert Stoler escreveu em “Sexo e Gênero”(1968) que sexo é biológico, gênero é o que cada sociedade a ele atribui.

O termo “Ideologia de Gênero” foi criado por alguns sociólogos que se reuniram em uma conferência da ONU em 1995 na cidade de Pequim China. Com isso, essa ideologia solidificou-se na cultura global de tal maneira que afeta a compreensão da família, repercute na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.

A IDEOLOGIA DO GÊNERO SEGUNDO O SÉCULO 21  

A atual “ideologia do gênero”, tem a base, podemos dizer assim, na filosofia do filósofo grego Heráclito (Éfeso, atual Turquia. 535 a.C. – 475 a.C) e seus seguidores. Para ele tudo é móvel, tudo flui, nada é permanente. Uma consciente negação de valores perenes. Com isso, eles se opunham aos seguidores de Parmênides (Aléia Grécia 530 a.C. — 460 a.C.) para os quais tudo é permanente e nada muda.

A filosofia de Heráclito jogava fora toda a tradição, todos os legados e a herança possível para a humanidade. Jogava fora a própria história. Querendo ou não, essa filosofia também nega as verdades bíblicas por serem fixas e não mudarem conforme o contexto cultural. No entanto, esse pensamento do filósofo ao menos podia ser chamada de “ideologia” ou “sistema de pensamento”, por mais errado que pudesse ser, tinha algum fundamento, pensadores, seguidores, etc.

Já essa nova “ideologia”, que na verdade, é uma  “crença”, só tem seguidores cegos, e muitos sem conhecimento que vão na onda do PLC 122/2006, que torna a homofobia (rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade) em crime. Assim como a filosofia de Heráclito, essa “crença” também nega e rejeita os valores perenes. Porém, não existem estudos mais profundos e sistemáticos que comprovem a teoria do gênero ou da igualdade de gêneros. Não tem como sistematizar esse assunto.

De acordo com esta ideologia (crença), os seres humanos nasceriam “neutros” e poderiam, ao longo da vida, escolher o seu gênero sexual. Homem e mulher são, na verdade, construções culturais e sociais.  Embora existindo um sexo biológico, cada pessoa tem o direito de escolher o seu sexo social (gênero).

A multiplicidade dos gêneros, ou seja, a existência de vários gêneros sexuais mais complexos, além do masculino e feminino é outra característica da ideologia de gênero. Homem e mulher estariam disponíveis para assumir a identidade de gênero que mais se identificam.

Assim declarou a filósofa feminista Simone de Beauvoir, esposa de Jean-Paul Sartre: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino” (O segundo sexo – Nova Fronteira, 1980). Em outras palavras, uma mulher é definida, não pelo sexo biológico com que nasce, mas pela construção social da civilização.

De acordo com os defensores da ideologia de gênero, existe uma diferença entre sexo e gênero. Sexo aponta para as determinações naturais e diferenças biológicas entre homem e mulher. Entende-se por gênero, o papel que ambos, homem e mulher, têm e exercem na sociedade. Ao invés de falar de diferenças de sexo, as pessoas agora falam em diferenças de gênero.

O gênero é algo atribuído, não natural: é socialmente determinado. Masculino e feminino são papéis definidos em cada sociedade. Em outras palavras, uma pessoa pode nascer homem – isto é sexo – mas em termos de gênero, ele pode ser feminino, tanto por escolha como por determinação social.

NOSSOS FILHOS E A “IDEOLOGIA DO GÊNERO”

Segundo a “Ideologia de Gênero” você não pode rotular uma criança dizendo que ela é menino ou menina. Isso é impor sua sexualidade. Ela própria deve escolher se será homossexual, hetero, ou bissexual.

Assim, quando a criança nasce ela não deve ser considerada do sexo masculino ou feminino, mas somente uma pessoa do gênero humano, que depois fará a escolha do seu próprio sexo.

A ESCOLA E A “IDEOLOGIA DO GÊNERO”  

Os defensores dessa ideologia, ou crença, tem se mantido bastante ativos, influenciando e mudando as políticas governamentais, a educação pública, a mídia e a opinião pública, a fim de abolir tudo o que eles entendem que perpetua a dominação masculina e as distinções sexuais. Querem impor a agenda homoafetiva. Embora o governo tenha lutado para implantar nas escolas as cartilhas com o conteúdo, ainda não é aprovação da maioria dos estados brasileiros. Não devemos esquecer que os responsáveis pela educação moral dos filhos são os pais e não a escola.

RESPOSTA BÍBLICA PARA A “IDEOLOGIA DO GÊNERO”

Qual deve ser a resposta bíblica aos desafios da ideologia do gênero? Para responder, devemos compreender, antes de qualquer coisa, qual o objetivo dessa ideologia. O que a ideologia de Gênero quer construir? As questões do gênero são profundas; elas são temas que lidam com pontos fundamentais da fé cristã, tais como a criação, família e igreja. O objetivo dessa crença é destruir a família segundo a criação de Deus (cf Gn 2.22-24).

As Escrituras e não a cultura devem ser o referencial nas igrejas evangélicas no tratamento das questões de gênero. A Bíblia sempre esteve e sempre estará acima da cultura, pois ela é a verdade universal e imutável. Isto se aplica também aos contextos do sexo e gênero.

Sendo assim, uma resposta bíblica às questões de gênero começa com o fato de que Deus criou apenas dois sexos e gêneros “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1.27). Não somente Criou como também aprovou essa criação: “… Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom…”(Gn 1.31).

Os nossos filhos devem ser instruídos à luz da Bíblia: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6; cf Dt 6.5-7). Não permita que o mundo influencie seus filhos. Se eles já entendem, converse sobre os perigos que o mundo oferece. Instrua-os sobre sexualidade de uma forma sábia e com muita oração. Não tenha medo de falar, pois o mundo não tem.

Essa crença que o mundo chama de “ideologia de gênero” é mais um instrumento nas mãos de Satanás para destruir a família. Assim sendo, é abominável aos olhos de Deus e não deve fazer parte, de forma alguma, da igreja do Senhor Jesus Cristo.

Autor:  Rev. Ronaldo P. Mendes (Pastor na 1ª IPC de Curitiba)

Fontes de pesquisas:

Gênero e diversidade na Escola -Livro de Conteúdo – Versão 2009;

A História da Filosofia (Ed. Best Seller 2ª Edição, São Paulo 2003);

Gênero, Sexualidade e Educação – uma perspectiva pós-estruturalista (Guacira Lopes Louro – Ed. Vozes 6ª Edição 1997);

O segundo sexo – Simone de Beauvoir (Ed. Nova Fronteira, 1980).