“O caminho de Vitória de uma Igreja em Boa Ordem” (Josué 10.28-43)

“Rev. Antônio Gonçalves de Oliveira”
10 de maio de 2018
“A Importância da Ética na Vida Pessoal e Familiar do Crente na Esfera da Sexualidade, Trabalho e Descanso”
10 de maio de 2018
“O caminho de Vitória de uma Igreja em Boa Ordem” (Josué 10.28-43)

Como sabemos, a pastoral aprovada em nossa última reunião ordinária da Assembleia Geral teve como título “Colocando a Igreja em Boa Ordem”. No último número de nosso jornal, com base no texto de Êxodo 18.21, abordamos algumas das qualificações dos líderes que Deus usa para alcançar tal objetivo. Hoje, queremos falar a respeito do caminho de vitória desta Igreja que está sendo colocada em boa ordem tomando como base Josué.

Todos sabemos que Josué foi o escolhido de Deus para fazer o povo herdar a terra prometida (Josué 1.6). Também sabemos que ele obteve sucesso nesta tarefa, conforme Deus lhe havia prometido. Porém, houve um caminho a ser seguido para que as vitórias alcançadas viessem.

Josué e o povo venceram grandes e poderosas nações (Josué 23.9). Eles destruíram a fortificada Jericó, livraram os Gibeonitas da mão de cinco reis, venceram na sequência sete reis e também o grande exército que foi reunido por diversos outros reis para tentar vencê-los (Josué 11.4).

Que caminho foi seguido por Josué para que obtivesse êxito em sua jornada?

Em primeiro lugar, podemos dizer que Josué seguiu o caminho da obediência (10.40). O final do verso 40 diz que tudo foi feito como ordenara o Senhor, Deus de Israel. É interessante ver que cada vitória descrita neste texto é comparada com alguma outra. Maquedá e Libna são comparadas com Jericó (v. 28, 30); Laquis é comparada a Libna (v. 32); Eglon é comparada a Laquis (v. 35); Hebrom é comparada a Eglon (v. 37); Debir é comparada a Hebrom e a Libna (v. 39).

Todas estas vitórias foram, na verdade, a execução do juízo de Deus contra aqueles povos em virtude dos seus pecados. Josué e o povo de Israel foram os instrumentos através dos quais Deus executou a sentença (v. 37). Várias vezes, tanto no texto que estamos usando como base quanto no capítulo 11, há a menção do fato de que todos foram mortos, não tendo sido deixado nem sequer um. Isto aponta para a obediência de Josué. Algo muito diferente do que faria Saul em relação aos amalequitas anos mais tarde.

Se olharmos ainda para o capítulo 11 veremos que, por 4 vezes, é feito menção ao fato de que Deus deu ordens a Moisés e estas foram repassadas a Josué, que as cumpriu (v. 12, 15, 20, 23). Ainda podemos destacar o fato de que Deus, ao chamar Josué, ordenou que fosse obediente (1.7, 8), e ele assim o fez.

Se queremos ser uma Igreja vitoriosa a Palavra de Deus tem que ser nossa Regra de Fé e Prática, temos que dela aprender e obedecer, ser mais do que ouvintes, praticantes (Tiago 1.22).

Em segundo lugar, podemos dizer que Josué seguiu o caminho da unidade. A expressão “Josué, e todo o Israel com ele” aparece 6 vezes (v. 29, 31, 34, 36, 38, 43). Esta expressão demonstra que estavam todos imbuídos de um mesmo propósito. Não havia divisões, não havia interesses pessoais sobrepostos, estavam todos prontos a lutar uns pelos outros.

É preciso lembra que a parte da terra que cabia às tribos de Rubem, Gade e a metade da tribo de Manassés já havia sido conquistada, como nos demonstra o capítulo 1.10-18. Porém, mesmo assim eles estavam pelejando pela conquista da terra que caberia às demais tribos.

Unidade é termo recorrente nas Escrituras, especialmente nas epístolas Paulinas. Cristo pediu, na oração sacerdotal, pela unidade da sua igreja (Jo 17.11, 21, 23). Não fosse a unidade algo tão sério, Cristo não teria rogado por ela nesta oração. Nosso objetivo precisa ser sempre o mesmo, a Glória de Cristo e a expansão do Reino. Não pode haver espaço para picuinhas, busca de interesses pessoais ou qualquer outra coisa que a isto se assemelhe, do contrário seremos como um corpo esquartejado, sem nenhuma chance de ser posto em boa ordem.

A unidade é essencial para a manutenção da identidade da Igreja. Vejamos o que o item 1 da Introdução Geral da nossa Constituição e Ordem diz: “A Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil é um ramo da Igreja de Cristo que se governa, sustenta e propaga pelos órgãos criados nesta Constituição e Ordem, e dentro das normas aqui estabelecidas. É constituída pela federação de igrejas locais que pactuam entre si a aceitação e defesa dos princípios adiante estabelecidos; concordam em acatar a autoridade constituída pelos seus ministros e por seus representantes num concílio maior denominado Assembleia Geral, quer em seu funcionamento em plenário, quer pelos órgãos por ele criados; mantém a sua autonomia administrativa ou econômica em tudo o que se refere aos interesses particulares e locais, inclusive o direito de desligar-se da federação, observado o disposto nesta Constituição e Ordem, sem que isso represente prejuízo econômico de qualquer natureza, a não ser na parte que tiverem contribuído para fundos gerais, que ficarão pertencendo à federação subsistente. As igrejas, assim federadas, concordam em realizar em comum e sob a direção central dos órgãos da Assembleia Geral, as seguintes obras ou fins gerais: obra educativa, imprensa, beneficência e obra missionária”.

De acordo com este texto, somos uma federação onde todas as Igrejas Presbiterianas Conservadoras concordam em acatar a autoridade dos Concílios superiores, em particular a da Assembleia Geral, de modo direto ou através dos órgãos por ela criados. Quais são estes órgãos? São o Departamento Missionário, Seminário, Jornal e as Confederações Feminina e de Mocidades. Uma vez que somos uma federação, não funcionamos de forma isolada; precisamos estar todos imbuídos no compromisso de fazer com que cada departamento tenha o melhor funcionamento possível, o que acontecerá na medida em que cada membro estiver orando por estes departamentos, contribuindo com eles e participando daquilo que por eles é promovido. Nossas igrejas locais precisam, em todo o tempo, olhar além de seus projetos e necessidades individuais, somos uma federação, somos um corpo. Se os departamentos acima não estiverem bem, nós como um todo não estaremos. As confederações promovem concentrações, acampamentos e congressos, ocasiões preciosas de nos encontramos e partilharmos da comunhão. Nas Confederações, nas Federações e nas sociedades internas, aprendemos a importância da liderança, do planejamento, do respeito aos estatutos, da importância de sermos um corpo unido em torno de um mesmo propósito: a glória de Cristo e a expansão do Reino. O Seminário promove cultos e cerimônias onde nossa participação é fundamental e treina nossos futuros pastores que, por sua vez, carecem das nossas orações e apoios. O departamento missionário precisa ser divulgado e nosso jornal abastecido de boas e edificantes notícias e artigos. Entende-se, portanto, que a Igreja Presbiteriana Conservadora não é um ajuntado de igrejas locais, mas uma federação onde cada um deve estar interessado no bem-estar do outro.

A pastoral aprovada no Sínodo de 2000 nos adverte a não removermos os marcos antigos da unidade doutrinária e litúrgica. Ali é perguntado se temos mantido esta unidade, e creio ser esta ainda uma pergunta bastante atual. Temos feito o que pactuamos fazer, ou seja, cumprir com as deliberações de nossos concílios superiores ou temos agido conforme nossos interesses? Temos trabalhado pelas instituições estabelecidas ou temos corrido atrás de nossos próprios interesses? Temos seguido as orientações doutrinárias e litúrgicas ou temos agido segundo nossas imaginações? Não nos esqueçamos de que somos uma federação e que o caminho de vitória passa pela unidade.

Finalmente, Josué foi vitorioso porque também seguiu o caminho do reconhecimento de que tudo vem do Senhor (v. 30, 32, 42). Orgulho e soberba são, infelizmente, parte integrante da nossa natureza caída. É sempre muito fácil se orgulhar dos grandes feitos, mesmo quando estes nem são tão grandes assim. Na verdade, mesmo nas vezes em que se dá glórias a Deus, isto é feito para demonstrar que Ele fez, porém através de instrumentos muito bons que somos nós, de modo que, em última análise, a glória continua sendo posta em nós.

Josué poderia se gloriar pelo fato de nunca, na história daquele país, conquistas como aquelas terem sido alcançadas. Ele poderia se gloriar de ter sido escolhido, dentre tantos homens em Israel, para substituir Moisés. No entanto, Josué reconhece que toda glória deve ser dada sempre ao Senhor.

Há, inclusive, um episódio interessante quanto a isso. No capítulo 3, verso 7 do livro de Josué, Deus disse que engrandeceria o nome de Josué no meio do povo. Já no verso 10, Josué disse que o nome do Senhor seria manifesto entre eles. Josué poderia ter simplesmente repetido o que Deus disse e isso o engrandeceria diante de todos, no entanto, ele preferiu dizer que aquelas ações engrandeceriam a Deus.

Qual é a pessoa que quer ser derrotada? Claro que ninguém quer, todos queremos vitórias e uma igreja vitoriosa! Porém, sabemos qual é o caminho que conduz à vitória? Estamos dispostos a segui-lo? O Apóstolo Paulo disse que, em Cristo, somos mais do que vitoriosos, ou seja, só em Cristo há verdadeira vitória. Aquele que está em Cristo busca obedecê-lo, estar unido com os irmãos e rende toda glória a ele.

Meu querido irmão, minha querida irmã, coloquemos nossa vida e nossa família em ordem, para que a Igreja Presbiteriana Conservadora esteja sempre em ordem, sendo assim uma Igreja vitoriosa em Cristo Jesus.

Rev. Welerson Alves Duarte

(Presidente da Igreja Presbiteriana Conservadora)