PASTORAL 1951
15 de maio de 2023
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15 de maio de 2023
PASTORAL 1949

PASTORAL – 1949

Rev. Alceu Moreira Pinto

            Amados cooperadores em Jesus.

            Aprouve a infinita misericórdia de Jeová, nosso Pai Celestial, pela multiforme graça de Cristo, o Salvador, e através da ação santificadora do Espírito Santo que nos ilumina e nos orienta, que nós, servos dessa Trindade Augusta, chegássemos vitoriosos ao limiar do primeiro decênio de nossa existência eclesiástica.

            A caminhada vencida não foi amena; passamos por horas aflitivas, que foram esquecidas em face das bênçãos outorgadas pelo Pai das Luzes.

            É mister, antes de prosseguirmos em busca da seguinte meta, volvermos o nosso olhar retrospectivo para a estrada já percorrida e aberta. . . Ali veremos as urzes e tropeços da jornada, que foram transpostos, e também as messes dos céus que nos animaram a prosseguir na nossa arrancada memorável. Quase um decênio de lutas árduas e vitoriosas atestam que o Senhor dos Senhores esteve ao nosso lado, amparando-nos e dirigindo-nos na caminhada. O arraial Conservador, graças ao Deus Trino, cresceu e estendeu-se pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás. A nossa Seara brada por mais obreiros dedicados e plasmados nas doutrinas ortodoxas da Bíblia, para a ceifa que se mostra tão promissora: “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.” (Jo 4.35).

            Neste instante solene em que rememoramos as dádivas inefáveis que Deus derramou sobre o nosso arraial, sejam as nossas palavras um preito de gratidão, a expressão de nossa dependência do Deus Trino que nos trouxe até aqui. – “Ebenezer.”

  1. A Doutrina é nossa mística

            A razão de ser da nossa denominação é pugnar pela ortodoxia doutrinária, dando ênfase à Palavra de Deus. O nosso aparecimento como Igreja deve ter como finalidade dar o testemunho conservador ante o modernismo que ameaça a fé evangélica. “Pregando ardorosamente o Evangelho de Cristo aos pecadores, como sendo este Evangelho (a doutrina) o único meio de conduzir os homens a Cristo – o Salvador, cerraremos fileira em torno da ortodoxia e montaremos guarda, sempre alerta, à sua conservação integral. Por isso, queremos ser chamados presbiterianos conservadores.”[1] Nenhuma organização religiosa pode permanecer coesa e “una” sem possuir um conjunto de doutrinas e dogmas. Não é possível crer e aceitar Jesus Cristo, sem conhecer as Suas sublimes doutrinas. Ou, no dizer de um teólogo: “Posso eu, porventura, crer em Cristo, sem crer no que Ele é, no que Ele ensinou, no que Ele fez? Posso crer em Cristo, sem crer que Ele é divino, que Ele morreu para me salvar, que Ele ressuscitou de entre os mortos para minha justificação? – Pois cada uma dessas verdades constitui um dogma da Igreja.”[2]. Vemos assim que, para aceitarmos Jesus, não podemos rejeitar o dogma, que é a sistematização, a cristalização da doutrina. Só podemos ter a experiência real da fé, através da doutrina. Por isso, a doutrina é a nossa mística.

            Durante esses dez anos, procuramos proclamar mensagens bíblicas e fundamentalistas em nossa pátria. Fomos acoimados de retrógrados e estreitos. . .  Mas, os frutos de nossa pregação e do nosso testemunho doutrinário estão aparecendo, graças a Deus, dentro e fora de nossa pátria. São provas eloqüentes, que mostram à saciedade e necessidade premente de nossa campanha salutar e restauradora.

  1. O nosso testemunho além mar

            Em nossa pátria somos considerados retrógrados; no entanto, no estrangeiro, é reconhecido o valor de nosso testemunho contra o modernismo avassalador. Em Amsterdam, Holanda, em agosto de 1948, reuniu-se o Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, onde estivemos representados. O alvo desse Concílio é promover o intercâmbio das Igrejas Conservadoras espalhadas pelo mundo, para auxílio e encorajamento recíproco em assuntos relacionados com o Reino de Deus. Formou-se a Confederação de âmbito universal, da qual nossa Igreja faz parte integrante, cujos objetivos estão assim concebidos: “Procurar alertar os cristãos por toda a parte contra o perigo insidioso do modernismo, e chamá-los a uma unidade de pensamento e de esforços contra toda a incredulidade, e todo o compromisso com o modernismo de qualquer espécie, e contra o catolicismo romano, na esperança de que, com a bênção de Deus, estes esforços venham a resultar em verdadeira Reforma do Século Vinte.”[3]

            A nossa denominação não é mais um grupo pequenino e isolado, mas faz parte da grande família cristã e conservadora espalhada pelo mundo, para defender a integridade da Bíblia e das garras dos demolidores da fé.

            O grande perigo que mina o Cristianismo em nossos dias é o abandono e desprezo dos dogmas doutrinários, reduzindo-o a algo sem vitalidade, a “Una Sancta”. Um notável líder conservador nos Estados Unidos, em obra recente, focaliza o caos existente e a tremenda confusão que lavra entre os adeptos do Ecumenismo. Esse movimento é considerado por ele o gérmen da apostasia. Dentre os exemplos apresentados nessa obra, todos documentados destacamos esta declaração do Rev. Claud C. Williams, que é típica e sintomática: “Denominocionalmente  sou Presbiteriano; religiosamente, um Unitário; Politicamente, um Comunista”! . . .[4]

            Compete à nossa pequenina igreja, a missão sublime que a Providência lhe confiou, de defender e sustentar a bandeira da ortodoxia doutrinária cooperando, assim, com o Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, neste setor de nossa pátria.

  1. O nosso missionário silencioso

            O Presbiteriano Conservador já foi um dos mais eficientes colaboradores em consolidar a nossa obra denominacional. Pelas suas páginas, o nosso povo foi instruído no conhecimento da Bíblia; através de seus artigos doutrinários e bíblicos, de seus comentários sobre o evangelismo nacional e mundial, o nosso povo vem fixando sua orientação. Foi ele o elo que uniu as igrejas e congregações presbiteriais nos princípios básicos da denominação. Quem nos deu a posição de respeito e prestígio que desfrutamos aqui e nos exterior, foi, sem dúvida, o paladino mudo de nossa Igreja. Não podemos, em nenhuma hipótese, dispensar o auxílio do arauto que difunde as clarinadas da ortodoxia por esta terra do Cruzeiro do Sul.

            Cooperemos com ele, dando-lhe o nosso apoio e a nossa simpatia, para que ele possa realizar a sua missão de desfraldar a bandeira da são doutrina. Prestigiemos, pois, o nosso missionário silencioso, com as nossas orações. Ele precisa e confia na colaboração de toda a denominação. Oxalá, possa sempre o porta-voz de nossa Igreja realizar com toda a fidelidade a sua missão no seio de nossa Seara e Evangelismo Pátrio.

  1. Ministério da Oração

            Nos dias incertos e maus que vivemos, precisamos estar em constante comunhão com Deus. Por meio da oração venceremos todos os obstáculos que surgirem em nossa caminhada. A oração com fé é a maior força do servo de Deus. Jesus, o nosso Redentor, aconselha os seus discípulos a se exercitarem nesse sublime ministério: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas essas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do Homem.” (Lc 21.36)

            Busquemos, no exercício devocional, de dia em dia, no lar e na Igreja, fortalecer-nos mais e mais na vida espiritual, para podermos enfrentar as vicissitudes da época atual. A nossa Igreja é um exemplo do poder da oração; tudo o que ela tem realizado é devido à nossa comunhão intensa com Deus.

            “Orai sem cessar”, é a recomendação bíblica. É a condição básica para que possamos ser fiéis no testemunho doutrinário e na fidelidade para com Jesus, o nosso Remidor.

 * * *

            Surgem, no seio da Cristandade, os prenúncios demolidores da apostasia. Aqui é o “Evangelho Social”, aspirando o reino temporal; ali, o “ecumenismo”, pregando a fusão de católicos e protestantes de várias matizes, em uma única Igreja e acolá, os “aristocratas do espírito e da religião”, plasmando o novo pensamento do liberalismo demolidor. Eles não negam mais a Verdade como se acha na Bíblia, e nem o Sangue Remidor de Cristo aparece em suas mensagens elegantes. São “sinais dos tempos” . . .

            Que Deus nos dê, a cada um de nós, a força espiritual para desfraldarmos por sobre toda a nossa pátria a bandeira da ortodoxia: – “a fé que uma vez foi dada aos santos”.

Alceu Moreira Pinto, Carlos Pacheco, Armando Pinto de Oliveira, João Rodrigues Bicas, João Liberato, Florêncio Fernandes Reis, Alfredo Alípio do Vale, Francisco Augusto Pereira Junior, Rafael Camacho, Amávio J. Rosa, Horácio Bueno Gonçalves, Cláudio Fernandes Reis, Horácio Pereira, Bento Modesto Pereira, Adelino R. de Oliveira, Luiz Jorge, Joaquim Timóteo Machado, Herculano Alvim Pereira, Azoe José Rodrigues.

[1] (Manifesto de nossa Igreja – 18.2.40)

[2] (Rev. Herculano Gouveia  Jor. – “Presbiteriano Conservador” – de maio de 1949)

[3] Constituição do Concílio Internacional de Igrejas Cristãs

[4] Carl MacIntire – Modern Tower of Babel – March – 49 – New Jersey