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15 de maio de 2023
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PASTORAL 1956

PASTORAL – 1956

Manly Evans Harden

Amados irmãos:

            “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo sejam sempre convosco.” Amém.

                       Escrevemo-vos esta pastoral, sem dúvida sob a orientação do Espírito Santo, para esclarecer certos assuntos, salientar certos fatos, e animar os irmãos em Cristo. Que cada irmão do Presbitério e todos os membros de nossas igrejas tirem proveito desta carta, eis a nossa aspiração.

ESTADO ESPIRITUAL

            Lembrando-nos de que a santificação do crente é o supremo objetivo do Espírito Santo, damos graças a Deus pela obra benéfica da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e Adorável Trindade, que tanto tem trabalhado nos corações dos membros de nossa igreja durante o ano passado, e fazemos votos para que sempre “o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

            A finalidade de todos os departamentos de nossa denominação, além da obra missionária, é a santificação dos crentes; e todos devem contribuir para este fim. Falhar neste ponto é falhar em tudo. Oh! Que as nossas vidas possam ser conformadas com a vontade de Deus e com as suas santas leis. Nada há que mais possa atrair almas a Cristo do que vidas consagradas no seio da Família de Deus. As nossas boas obras, fruto do Espírito Santo que nos gerou de novo, e em nós habita, são evidências da realidade, duma experiência pessoal e de nossas relações com o Pai. Sem isso, pouco teremos que nos possa recomendar à multidão perdida.

GUARDA DO DOMINGO

            Uma destas obras a que atrás nos referimos, é a guarda do domingo, o Dia do Senhor. É necessário que nossa igreja tome medidas drásticas, a fim de que não caiam os seus membros neste erro tão comum em nossos dias. O Domingo é o Dia do Senhor, e não o nosso. O nosso Órgão Oficial tem levado às casas artigos sobre o abuso deste dia, e recomendamos que todos, presbíteros, pastores, em fim, toda a igreja estudem cuidadosamente este assunto, e se esforcem para eliminar tão depressa quanto possível qualquer tendência para este mal. Lembremo-nos da responsabilidade que temos de respeitar este dia. Não devemos nos conformar com o mundo, mas devemos ser transformados pela renovação de nosso entendimento, para que experimentemos qual seja a boa, a agradável e perfeita vontade de Deus.

PREGAÇÃO – ORTODOXIA

                       A Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil é uma denominação evangélica. Tem ela o desejo e o dever de pregar as boas novas de salvação pela graça àqueles que devem receber a Jesus, como único Salvador do perdido. Não nos pregamos a nós mesmos nem as nossas próprias idéias, mas a Cristo Jesus, Senhor nosso. Somos servos da Igreja por amor a Jesus Cristo. Não temos por que nos impressionar, pois, com o “slogan” de certas seitas que clamam – “Cristo, antes da denominação”, porque reconhecemos este fato e por esta verdade vivemos inspirados, enquanto que para tais seitas, esse “slogan” é apenas dissimulação. A doutrina não é nossa, mas da Bíblia Sagrada – Revelação Divina para o coração humano.

            Importa que lutemos contra este movimento que se realiza por meio de tendas e que vem atraindo multidões em nosso meio. A experiência tem provado que ele é uma seita, com o propósito de se estabelecer permanentemente em nosso país; a sua aceitação por parte de muitos crentes mostra a necessidade de doutrinar o nosso povo; e a derrocada que, em muitos setores, sofreu o protestantismo, ao impacto dessas e de outras heresias, mostra que estávamos cochilando.

            Outro inimigo de nossa igreja é o Modernismo, especialmente o Bartianismo. O seu ataque é sutil, e muitas vezes nós, que conhecemos o perigo que ele representa, precisamos advertir nossos irmãos de todas as igrejas evangélicas. Outras cartas pastorais têm feito referência a estas heresias, importa insistir em chamar vossa atenção para a necessidade de examinar bem todos os candidatos ao santo ministério, e de conhecer bem a doutrina do pregador antes de lhe entregar os nossos púlpitos. Não penseis que sua aparência e suas atitudes amistosas e corteses sejam a prova de que ele é fundamentalista.

VOCAÇÃO MINISTERIAL

            Graças a Deus, que, na sua providência, nos deu, dois anos atrás, o nosso Seminário. E não somente um Seminário, mas um Seminário bonito, bem construído. Temos toda a razão para estar contentes com o nosso prédio, com os nossos professores, e, com o regimento interno. Parece um sonho. Deus, em seu amor, providenciou muito mais do que nos era dado esperar. A experiência já nos demonstrou que essas três coisas valem muito e que temos agora razão de estar absolutamente confiantes quanto ao futuro de nossa “Casa de Profetas”. Esperamos que no decorrer dos anos vindouros se consolide a obra e venha a tornar-se um grande Seminário, repleto de estudantes.

            A nossa igreja precisa de obreiros. Ninguém tem a menor dúvida quanto a isso. Os campos já existentes clamam por mais pastores. Não fossem os presbíteros e diáconos consagrados por toda a parte da Seara Conservadora, a nossa denominação já teria perecido. Sobrecarregados, porém, com os seus trabalhos seculares, não podem eles continuar sob o peso de tão grandes responsabilidades e precisam de auxílio. Além disso, há muita coisa que eles não podem fazer e que exige a presença mais freqüente de um pastor. Não há pastores para os campos existentes; é certo que dificilmente poderemos abrir novos campos. O futuro de nossa igreja depende, pois, de nosso Seminário, porque depende de novos obreiros.

            Para que o Seminário possa continuar progredindo é necessário que todas as igrejas locais contribuam para a obra. Se o futuro das igrejas depende do Seminário, é claro que todas as igrejas têm uma grande responsabilidade quanto ao seu desenvolvimento. Certamente devemos salientar, agradecidos, a energia já manifesta da denominação, com referência à nossa Casa de Profetas. Atendeu ela até hoje a todos os apelos e nada faltou à nossa escola este ano. Todavia, a batalha continua e precisamos enfrentar o novo ano com crescente fé e redobrada energia.

FRATERNIDADE

            Jesus deu muita ênfase ao amor fraternal. “O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei.” S. Paulo diz: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.”

            Somos irmãos na fé, filhos do mesmo Pai. Temos a mesma finalidade, isto é, glorificar o nosso Salvador. A falta de amor impede a pregação do Evangelho. Muitos que devem lutar para ganhar almas estão fora do combate, porque põem seus próprios interesses acima do trabalho de Deus. Não dão a Deus nem à Igreja o esforço que Deus requer. Com os seus corações divididos entre amor por si mesmos e amor a Deus, são facilmente derrotados. Quem percebe em seu coração a falta de amor para com seu irmão, deve esforçar-se por amá-los e pedir a Deus que o habilite a isso.

ORAÇÃO E LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

            À primeira destas recomendações parece dispensar comentários. A experiência mostra, todavia, que nem sempre o filho de Deus se entrega tanto quanto precisa à oração e que devemos, portanto, insistir com os crentes quanto à sua vida devocional. Orar é falar com o Pai Celestial, e, portanto, devemos fazê-lo continuamente, pelos menos diariamente. Não é difícil orar. É natural. Quem não ora não é crente. Em oração, louvamos, pedimos, damos graças e confessamos. É para todos os crentes. Sem oração nada podemos fazer.

            Leituras bíblicas diárias. Aqui Deus fala com os nossos corações. Com Ele falamos em oração, e conosco Ele fala pela Bíblia Sagrada. A hora tranqüila do crente deve constar de oração e leitura da Bíblia. As nossas revistas da Escola Dominical facilitam feliz orientação quanto à escolha de trechos diários. Há, além disso, muitos livros, como “Luz Diária”, que todo o crente deve aproveitar, porque muito contribuem para a nossa edificação espiritual.

RESPEITO AOS PASTORES

            Amemos os nossos pastores, porque isso é mandado de Deus: “Lembrai-vos de vossos pastores que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atendendo para a sua maneira de viver.” Neste versículo há três razões pelas quais devemos amar os nossos pastores: uma é que eles nos trazem a mensagem de Deus. Certamente nós que amamos a Palavra de Deus devemos amar o seu pregador. Ele é o mensageiro de Deus; quantas coisas ele nos ensina a respeito de nosso Pai; quantas bênçãos temos recebido por intermédio dos seus sermões. Outra razão é que ele é nosso exemplo de fé e de piedade. Devemos imitar a sua fé e examinar a nossa vida para ver se o estamos acompanhando em seus planos em favor da igreja ou se o estamos hostilizando. Finalmente, ele é um exemplo para a vida cristã. Se ele pratica o que prega e recomenda aos outros, deve merecer o nosso amor e o nosso apoio. A mesma coisa é verdade a respeito dos presbíteros e diáconos, que lutam tanto como os pastores, e o fazem sem receber qualquer recompensa de ordem financeira, muitas vezes sustentando, na maior parte, o trabalho e arcando, na maior parte, com o peso das responsabilidades.

FINANÇAS

            A igreja é uma instituição espiritual, mas precisa de recursos financeiros. Quem ama a sua igreja e quer a sua prosperidade tem de sustentá-la financeiramente. Grave erro é um membro deixar de contribuir para a denominação, só porque entende que dela não recebe, por meio de seus ministros ou de sua obra geral, todos os benefícios a que se julga com direito. A nossa denominação está lutando para atender a todos os seus membros e só não o faz quando lhe é absolutamente impossível. O dinheiro recebido pela Tesouraria Geral se destina a pagar um salário modesto a cada pastor, assim como as viagens duma igreja à outra; sustentar o órgão oficial “O Presbiteriano Conservador” e a obra de beneficência. Há, além disso, despesas eventuais, não capituladas naqueles itens, que têm de ser atendidas pelo tesoureiro.

            Uma das grandes obras de nossa denominação é o nosso Seminário. Este procura sustentar-se com os seus próprios recursos ou com aqueles que lhe são destinados diretamente pelas igrejas locais, através das coletas para o Dia do Seminário, no dia 15 de novembro de cada ano. O sustento dos alunos não é um auxílio para o Seminário, porque é apenas, e de modo muito exíguo, o pagamento da alimentação dos alunos para ele enviados pelo Presbitério, e que teriam de ser sustentados em qualquer outro educandário. É justo que cada igreja inclua em seu orçamento duas coisas importantíssimas para o ano que vem: uma quantia para a construção do que falta para completar a primeira ala da Casa dos Profetas, a fim de que possa receber futuros alunos. E outra para o sustento dos preparatorianos pelas igrejas enviados e que ainda não tenham sido recebidos pelo Presbitério. Por pequena que seja essa quantia, com fé e oração a Deus, ela há de multiplicar-se de ano para ano, multiplicando seus benefícios.

PALAVRAS FINAIS

            Seja lida em cada igreja esta carta. Sejam feitas em casa igreja orações constantes pela conversão de almas e pela obra geral. Vamos pedir a Deus que com estas coisas em mente possamos ser abençoados em toda a obra, no seio de nossa amada igreja. Amém.

Itapetininga, 30 de junho de 1956.

Manly Evans Herden, Armando Pinto de Oliveira, Antonino José da Silva, Lino do Couto, Rafael Camacho, Florêncio Fernandes Reis, Lázaro Ferraz de Campos, Irwin H. Steele, Odilon Alves dos Santos, Jerônimo Martins da Silva, Earl Pinckney, Willian R. de Le Roy, Carlos Freddi, Antônio Tedesco, Teófanes Vilalba, Alfredo Leite de Morais, Alceu Moreira Pinto, Harold Ricker.