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PASTORAL 1958

PASTORAL – 1958

Rev. Jeiel Couto

            O Presbitério Conservador, discípulo do Senhor Jesus Cristo, aos irmãos presbiterianos conservadores, nas Igrejas e Congregações sob a sua jurisdição, que estão espalhados pelos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

            A vós que fostes eleitos, não segundo os vossos merecimentos, mas segundo o beneplácito de Deus, que operou em vós pelo Senhor Jesus Cristo, graça e paz vos sejam dadas hoje e para todo o sempre. Amém.

Exortando quanto aos dias atuais:

            Amados, os dias que atravessamos são dias difíceis, em que muitos homens que se dizem “mestres” do povo de Deus, têm procurado encaminhar a muitos por caminhos tortuosos, com doutrinas heréticas, negando o Senhor que já nos tem remido do nosso caminho, procurando-nos, com aparente piedade, dizendo serem discípulos do Senhor, pregando-nos um novo Evangelho. “Fugi deles” e dai ouvidos às palavras do apóstolo: “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (excomungado) (Gl 1.8). Por outro lado, àqueles que têm procurado apavorar o mundo com a vaidade dos seus corações, com o desejo de penetrar pelas suas descobertas científicas os segredos de Deus, que querem ser mais do que o Altíssimo e ultrapassar os limites que Ele tem dado aos homens, não sabem que os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos e os seus caminhos não são os nossos. Nem tão pouco sabem que “as coisas encobertas soa para o Senhor nosso Deus, porém, as reveladas soa para nós e para nossos filhos, para sempre cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Eles lutarão e se digladiarão até o fim, sem jamais alcançarem os seus intentos. Se eles possuíssem o conhecimento da Palavra de Deus para  a salvação deles, saberiam que é pecado o que estão praticando. Nós conhecemos a palavra, que nos diz claramente: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos.” (Rm 11.33)

            Amados, considerando estes fatos, é necessário que haja em nós, mais do que nunca, as seguintes coisas para a nossa maior firmeza:

Santidade

            Lembrai-vos de que quando andáveis, antes, longe do conhecimento da verdade, afastados de Deus, vivendo de conformidade com os desígnios do vosso próprio coração; e de como o Senhor vos libertou com mão forte da escravidão do pecado. Agora, sendo justificados pela sua graça, somos salvos. É necessário, pois, mais considerarmos este novo estado de vida em que fomos colocados. Santificação quer dizer separar-se ou colocar-se à parte para Deus. Sim, de fato, fomos separados do pecado e colocados à parte para a glorificação do nosso Deus. Sim, quando aceitamos a Cristo como nosso único e suficiente Salvador, já nos encontramos na posição de um santo; esta é a santificação de posição; agora é nosso dever progredirmos nesta santificação, até alcançarmos a estatura perfeita de varão perfeito, e isto na vinda do Senhor. Para esta santificação é necessário que nos despojemos do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e nos renovemos no espírito do nosso sentido e nos revistamos do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4.22-24). Atenhamo-nos também às palavras do apóstolo Pedro, que nos diz: “Como filhos obedientes, não nos conformando com as concupiscências que antes havia em nossa ignorância, mas como é santo aquele que nos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.”

Amor Fraternal

            O amor é uma das virtudes excelentes na vida do verdadeiro cristão. Isto porque ele reconhece que foi salvo por amor, e este amor se expressou pelo sacrifício, e este sacrifício foi o do sangue de um Cordeiro, e este Cordeiro foi o próprio Filho de Deus. Ora, sabendo que nós fomos salvos por amor, e que a nossa situação era semelhante a de todos e de que não houve acepção de pessoas, é necessário  também que tenhamos verdadeiro ao nosso irmão. E isto é o que nos diz com toda a clareza o apóstolo: “Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Rm 12.10). Sem o verdadeiro amor ao nosso irmão, não é possível haver o amor verdadeiro para com Deus. “Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1Jo 4.20). Quando cantamos nos Salmos e Hinos, o hino de número 184, e meditamos também sobre ele, os nossos corações se sentem contristados em face das lições aí existentes: quantas vezes estamos longe delas? Eis o nosso apelo – “Amai-vos uns aos outros.” Se amarmos uns aos outros, amaremos mais a obra do Senhor, amaremos mais a Casa do Senhor, e haverá mais progresso na causa do nosso Mestre.

Vocação Ministerial

            Uma das causas de maior sucesso na causa do Mestre está no maior número de obreiros, e que estes sejam obreiros de fato consagrados. O Senhor Jesus encarregou os seus próprios discípulos de procurar estes obreiros, quando lhes ordenou: “A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.” (Mt 9.37,38). Três coisas podemos ver nestas palavras do Senhor: a primeira é a extensão da seara; a segunda, é o número exíguo de trabalhadores; a terceira, é a necessidade urgente de suplicar ao Senhor desta seara os obreiros. Pela graça do Senhor temos a nossa Casa de Profetas, onde podemos preparar os nossos obreiros. Olhamos para a denominação e a vemos pequena. Por que isto? – é pela falta de obreiros, e de obreiros que consagrem todo o seu à obra. Que vamos fazer? – Vamos suplicar ao Senhor da seara estes obreiros; a denominação é pequena, mas a seara é grande. E para que saiam ao trabalho é preciso que sejam enviados. Há multidões perecendo nas trevas, sem a luz da salvação. Não é necessário olhar o grau cultural da pessoa que se apresenta; o que é necessário é verificar se ela é vocacionada. Às vezes temos ouvido: – “Os filhos dos crentes, que vivem com facilidade quanto à situação financeira, não querem ser ministros, e seguem todas as carreiras, menos a do ministério; o motivo às vezes é que os pais nunca procuraram neles despertar tal vocação; no entanto, quando nos aparece um moço tirado da roça, somos, às vezes, incrédulos ao recebê-lo. Porventura não rogamos também ao Senhor da seara? E não foi este o obreiro que o Senhor nos enviou? O que é necessário? É recebê-lo e ajudá-lo com as  nossas orações e com a nossa contribuição. Sem o esforço particular de cada um, é impossível haver mais vocações ministeriais.

Leitura Bíblica

            Escrevendo o apóstolo Paulo a sua segunda carta ao seu jovem filho na fé, Timóteo, assim exorta ao jovem ministro: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, e que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15). Estas palavras, que, sem dúvida alguma, foram por Timóteo aceitas, também devem ser aceitas por nós, para que não tenhamos de que nos envergonhar. Pertencemos ao exército do Senhor. E como bons soldados, precisamos manejar bem a nossa espada. Nenhum presbiteriano conservador pode se negar a ler a Bíblia, dizendo que não tem tempo para fazê-lo, que não dispõe de, pelo menos, cinco minutos diários, para estar em contato com a sua Bíblia. É dela que extraímos o alimento sólido para o nosso bem-estar espiritual. O salmista dizia: “A tua palavra é a verdade, desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.” (Sl 119.160). Sentia também que a Palavra de Deus era uma lâmpada para os seus pés, é uma luz para o seu caminho. Ela deve ser para nós uma verdadeira bússola, a nos guiar até o ponto final da nossa jornada.

Oração

            A oração é o meio único pelo qual podemos falar com o nosso Pai celestial, através do Senhor Jesus. Nós precisamos constantemente falar com o Senhor, apresentando-lhe nossas gratidões, confessando-lhe os nossos pecados e rogando-lhe Suas bênçãos constantes para as nossas vidas e, também, intercedendo uns pelos outros. Em lugar de por muitas vezes estarmos comentando certos fracassos do nosso irmão, devemos nos recolher ao nosso aposento e orarmos por ele, bem como também por nós. A oração fez parte do ministério do Senhor Jesus. “E levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu e foi para um lugar deserto e ali orava.” (Mc 1.35). Ele orava pelos Seus discípulos e também por nós. O capítulo 17 de João mostra bem como o Senhor tinha verdadeiro amor pelos Seus. O Senhor orou. A oração também fez parte do ministério dos apóstolos, fez parte da vida dos grandes servos de Deus no passado, e deve fazer parte integrante das nossas vidas. E a recomendação do Senhor é esta: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26.41).

Contribuição

            A contribuição faz parte integrante da vida do verdadeiro crente. E não devemos olhar somente para o versículo sete do capítulo nove de 2 aos Coríntios, para o resto do versículo seis, onde diz o apóstolo: “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” O crente precisa e deve trazer à Casa de Deus os seus dízimos, suas ofertas e suas coletas, pois o crente que não ora, não lê a Bíblia e não contribui, não pode ser verdadeiramente abençoado.

Frequência nos trabalhos da Igreja

            O crente tem por dever, quando possibilitado, freqüentar os trabalhos da sua igreja. Não o de assistir a um culto, mas sim o de prestar culto a Deus em comunhão com os seus irmãos. O Senhor não era indiferente às reuniões, pois Ele dizia: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” (Mt 18.20). Nos trabalhos podemos aprender muita coisa e, também ensinar. O salmista dava muito valor à exposição da Palavra de Deus. “A exposição das tuas palavras dá luz; dá entendimento aos simples.” (Sl 119.130). Por outro lado, não é só um dever do crente, mas, freqüentar os trabalhos da sua igreja, é também uma benção para o próprio crente e para os seus filhos. O crente que fica em casa e manda seus filhos à igreja, de maneira nenhuma é exemplo para eles. O crente não somente deve ir, mas também levar em sua companhia os seus filhos. Por que? Para que amanhã sejam eles os continuadores da obra. O povo de Israel constantemente ouvia observações para que os seus filhos fossem educados na Palavra de Deus; e o povo não deixava de levar os seus filhos à Casa do Senhor. Quando os apresentamos ao batismo, prometemos  orar com eles. Este deve ser o nosso dever.

Conclusão

            Concluímos aqui, irmãos, esta pastoral, esperando que estas considerações sejam por nós postas em prática, para o nosso crescimento espiritual, a fim de que estejamos firmes nos nossos postos até a vinda do Senhor, e a cada um de nós em particular seja dito: “Bem está, servo bom e fiel, sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.”

            “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém.”

Catanduva, junho de 1958

Ass. Jeiel Couto, redator, Antonino José da Silva, presidente, Armando Pinto de Oliveira, vice-presidente, Dante Scorza, 1º secretário, Jair Soares Mesquita, 2º secretário, Joel C. Rocha, Raphael Camacho, Carlos Pacheco, Florêncio Fernandes Reis, Alceu Moreira Pinto, Manly Evans Harden, Harold Ricker, Josino L. dos Santos, José da Costa Vallim, Franklin Rodrigues Silveira, Horácio Pereira, Izaul Steffen, José Garcia da Silva, José Geraldo Gois, Virgílio Garcia Duarte, Pedro Martins de Aquino, Otávio Nunes de Lima, Odilon Alves dos Santos, Zaqueu José Barbosa.