PASTORAL 1964
15 de maio de 2023
PASTORAL 1959
15 de maio de 2023
PASTORAL 1964
15 de maio de 2023
PASTORAL 1959
15 de maio de 2023
PASTORAL 1962

PASTORAL – 1962

“Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos” (Salmo 119.30)

Amados em Cristo.

            Esta é a vigésima terceira vez que o Senhor nos reúne sob a Sua proteção, para que, esclarecidos pela Sua Palavra e conduzidos pela atuação bendita do Espírito Santo, sejamos levados a fazer a sua vontade, no atendimento dos interesses da Sua Igreja, neste setor que nos foi confiado. A primeira vez que nos reuniu foi a 27 de junho de 1940, após o pronunciamento heróico da então Segunda Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, pois foi ela que nos conclamou, a todos, em torno ao “brilhante pendão” do conservantismo doutrinário por ela alçado aos ventos da pátria, a 11 de fevereiro de 1940. Longa estrada vem sendo palmilhada no decorrer de 22 anos. Dias ensolarados tivemos, assim como dias tristes e brumosos; estivemos no alto das montanhas a contemplar, diante de nós, campinas verdejantes e vales floridos, assim como vimos, por vezes, nuvens negras se acumularem no horizonte. O Senhor esteve sempre conosco a orientar-nos em momentos de vitória e a infundir-nos alento nos dias da adversidade. Por isso que estamos firmes, triunfantes, sentindo nossas forças revigoradas.

            Mudanças tem havido em nossos quadros. Alguns dos que estiveram conosco no momento da partida para esta jornada, já não participam dos ardores do combate, porque, recolhidos ao descanso, receberam já das mãos do justo juiz a “coroa da justiça”; volta-se para eles o nosso coração cheio de saudade, confortado pela certeza de que os veremos na glória celestial. Outros, vencidos pelo desalento, retomaram o caminho cômodo da complacência doutrinária e, ainda outros, permitindo que o pessimismo lhes arrebatasse das mãos as armas de combate, se deixaram ficar, inermes, à margem das refregas; em relação a esses, suplicamos ao Senhor a graça de revê-los em plena atividade. Novos companheiros, vindos de outros setores da Igreja de Cristo, quer integrando-se em nossa organização eclesiástica, quer em regime de cooperação, têm cerrado fileira conosco, com lealdade e firmeza, em torno aos ideais que nos unem. Prossegue assim a Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil no cumprimento fiel de sua missão no seio do Evangelismo pátrio.

            Vitórias têm sido alcançadas. A maior de todas elas é a própria existência desta igreja. Quis o Senhor mostrar-nos, através destes vinte e dois anos, de um modo iniludível, que nas realizações de Sua providência, neste momento histórico de reivindicação doutrinária representado por esta igreja, tem ela sido e terá de ser apenas um vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não dos homens (2Co 4.7). Por isso foi Ele servido em chamar para si, apenas dava os primeiros passos a denominação incipiente, dois de seus líderes de larga experiência; por isso Ele foi servido em limitar-nos a recursos modestos de toda a ordem, em um grupo reduzido de pequenas comunidades locais. Tão grandes, porém, foram as energias por Ele comunicadas a essas humildes comunidades localizadas nos centros e nos sertões de quatro estados brasileiros, que elas se mantiveram firmes, em meio a toda a sorte de hostilidades. Sua firmeza tem sido a causa da estabilidade de nossa denominação através de vinte e dois anos de lutas. É de se destacar que essa estabilidade vem sendo mantida durante o período mais crítico da história econômica da nação, e durante o período em que a Igreja de Cristo tem tido de enfrentar os mais devastadores vendavais. Verdadeiro milagre da providência divina. Essa vitória foi a maior, mas não foi a única; – fundadores, com outras igrejas e organizações evangélicas, do Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, deu o Senhor a esta pequena denominação uma oportunidade ampla para estender o seu testemunho a todos os recantos do globo, assim como lhe tem dado fidelidade e energia para sustentar sem vacilações esse testemunho. A Igreja de São Paulo, aquela que se formara em 11 de fevereiro de 1940, aquela que teria de assumir as conseqüências do gesto desassombrado de 11 de fevereiro, permaneceu, pela graça de Deus, na altura dos acontecimentos. Pelo poder do Espírito Santo foi aumentada maravilhosamente em seu rol de membros e em possibilidades econômicas. De 67 membros, passou a 407. De um orçamento anual de 13 mil cruzeiros, chegou a uma arrecadação de mais de quatro milhões dentro deste último ano eclesiástico.Quando o Senhor julgou oportuno, foi servido em dar-nos um Seminário e, com ele, a preciosa colaboração de professores provindos de uma das mais altas instituições do ensino teológico dos Estados Unidos da América do Norte. Saem desse Seminário, neste momento, os primeiros graduados que ali iniciaram e ali terminaram seus estudos revelando possuir condições de ordem espiritual e de ordem cultural para o eficiente desempenho das funções ministeriais. Infindável seria enumerar todas as vitórias que o Senhor tem concedido a esta igreja, desde as que se têm verificado na vida íntima de cada um de seus membros, até as que têm sido experimentadas no recesso de cada uma de suas comunidades locais; desde as que têm sido patenteadas no âmbito denominacional, até as que têm sido alcançadas  na amplitude de sua ação internacional, na conjugação de esforços com todas as igrejas fiéis, à sombra da bandeira desfraldada pela Reforma do Século Vinte.

            Esta igreja deve ser particularmente grata, porque o Senhor a tem mantido ilesa, em um “alto monte”, enquanto, no panorama evangélico da pátria, se observa desoladora negligência oferecendo oportunidade para a infiltração de idéias dissolventes, que hão de minar e destruir a estrutura doutrinária alicerçada pela autoridade única e infalível das Escrituras Sagradas. Importa, pois, que este Concílio tendo presente os fatos históricos enumerados, as vitórias concedidas por Deus e o ambiente que envolve o evangelismo pátrio, nesta hora de crise, vos exorte a permanecer na altura dos vossos privilégios e em constante vigilância.

ESTADO ESPIRITUAL

            “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.” Eis a recomendação do apóstolo dos gentios ao alertar aos efésios em relação aos perigos a que se achavam expostos. Não há recursos humanos que possam evitar o desalento e o conseqüente fracasso em meio às lutas inevitáveis e ininterruptas movidas contra os filhos de Deus pelas hostes espirituais da maldade. Elas irrompem dentro do próprio coração, penetram, por isso mesmo, dentro dos próprios lares, no recesso das igrejas, no ambiente espiritual do Seminário. Usa o adversário, muitas vezes, contra nós, os nossos melhores amigos, os nossos irmãos e, até, os nossos pais. Corremos o risco de ser usados pelo adversário para destruir a obra bendita do Espírito Santo, aquela mesma obra para qual antes havíamos concorrido com o melhor de nossa vida. Basta, para tanto, que, num instante de vacilação, deixemos penetrar em nossa alma forças vanguardeiras das hostes infernais, como o orgulho, a vaidade, o preconceito, o egoísmo, a complacência com o erro e com o pecado, a displicência. . . Sabemos que o adversário encontra em nossa natureza germens que lhe propiciam o processo degenerativo de nossas energias espirituais. Guerra tremenda é aquela que se desencadeia a cada momento em nossa vida íntima, e a que S. Paulo se referiu com estas palavras: – “a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” – Só há um recurso para vencer nesta guerra: – o apego à Palavra de Deus, numa atitude humilde e receptiva de oração constante. Oremos a todo instante. Oremos em nossos lares. Oremos nas nossas igrejas, recomendando e alimentando, sem o menor desalento ou interrupções, as reuniões devocionais no seio do rebanho, notadamente nas reuniões da mocidade. Leiamos reverentemente o Livro de Deus com o desejo sincero de conhecer a Sua vontade para obedecê-la. Leiamos a Palavra diante de nossos filhos no culto doméstico. Busquemos ansiosamente a mensagem bíblica nas reuniões da igreja. Façamos de todas as oportunidades que nos sejam concedidas, momentos preciosos e salutares de meditação sobre as páginas infalíveis e imortais do Livro Santo. “Oh! Quanto eu amo a tua Lei! – é a minha meditação em todo o dia.” – Era a experiência do salmista. Seja ela também a experiência de cada presbiteriano conservador, de cada uma de nossas uniões de mocidade, de cada um de nossas igrejas, congregações ou pontos-de-pregação. Todo o tempo gasto em futilidades é roubado a este fortalecimento que nos recomenda o apóstolo, como condição para uma vida espiritual e pujante e vitoriosa.

ENSINO DOUTRINÁRIO

            “A doutrina pode existir sem a piedade (é o intelectualismo religioso, aliás, abominável); a piedade verdadeira, porém, jamais existirá sem a doutrina verdadeira. Separar a piedade da doutrina é tirar a alma do corpo, é matar a religião. É isso o que faz ou pretende fazer o modernismo.” Essas palavras foram escritas e ditas por Bento Ferraz, nos dias que antecederam à fundação desta igreja. Elas constituem o motivo de nossa existência como denominação evangélica. Descurar, pois, do ensino doutrinário no seio de nossas comunidades, em relação a nós mesmos e em relação aos nossos filhos, é trair a nossa origem, é expor os nossos flancos aos ataques dos adversários, seja pela sutileza do evangelho social, seja pelo entorpecimento do sentimentalismo, seja pela blandiocisa convivência com os grupos evangélicos que se entregam prazeirosos às influências destruidoras dos reavivalistas, doutrinariamente inexpressivos, e aos efeitos deletérios de uma literatura racionalista.

            Importa, pois, que a nossa prédica se caracterize pelo ensino doutrinário; que os nossos pastores e presbíteros, realizem, especialmente às quartas-feiras, estudos bíblicos sistemáticos, seguidos de concertos de oração; que a nossa mocidade realize reuniões de treinamento, em que se dê muita ênfase ao estudo doutrinário; que as nossas escolas dominicais se atenham à revista de orientação fundamentalista já recomendada por este Presbitério, fugindo, assim, ao perigo de uma infiltração sub-reptícia do “evangelho social”, do “fideismo” ou do “modernismo teológico”.

            Uma igreja doutrinariamente edificada está apta para resistir a toda a sorte de mistificações do adversário.

            “Não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (1Jo 4.1). Só estará capacitado a fazer essa prova a igreja ou o crente, cujo pastor e cujos presbíteros tiverem tido zelo no ensino doutrinário.

            Importa que pastores e presbíteros tenham cuidado em evitar a penetração de influências estranhas ou contrárias aos ideais conservadores, no seio do rebanho, especialmente da mocidade. É mister que se evite toda a incúria no convite a pregadores e preletores para a mocidade, assim como a entrega de classes da Escola Dominical a elementos que não pertençam à nossa grei e não se orientem pelo rigoroso conservantismo doutrinário. Inútil será cuidar de uma lavoura e, ao mesmo tempo, permitir se lance no seio dela, pela incúria ou pela futilidade, uma sementeira nociva. “Olhai por todo o rebanho”, recomenda o apóstolo. E esse cuidado, à luz do contexto, consiste, em grande parte, em não permitir a entrada de lobos cruéis no meio do rebanho. (Atos 20.28,29).

ESFORÇO MISSIONÁRIO

            Somos acusados injustamente de abandonar o esforço missionário em virtude de absorvente preocupação de ordem doutrinária. Nada mais falso. As centenas de profissões de fé e batismo que se têm realizado no seio desta igreja, desde a sua fundação, proclamam à sociedade quanto é leviana e infundada tal assertiva. Importa continuemos a trabalhar incessantemente pela conquista de almas para Cristo.

            Levar os nossos filhos aos pés da Cruz, com a nossa pregação e com o nosso exemplo, deve ser preocupação absorvente de nossas igrejas, na pessoa de cada um de seus membros, seja no culto doméstico, seja na Escola Dominical, seja na prédica, pela oração, pela persuasão individual.

            Proclamar o Evangelho da salvação aos perdidos deve ser preocupação constante da igreja. A mocidade, considerada a força de vanguarda nos exércitos do Filho de Deus, deve, de modo particular, chamar a si as promoções missionárias, quer pela organização de conferências religiosas, quer pelas pregações ao ar livre, quer pela evangelização pessoal, quer pela distribuição de folhetos de propaganda.

            Dois são os aspectos da ordem deixada pelo Senhor Jesus à Sal Igreja, no sentido de ser realizada a sua expansão e mantida a sua estabilidade no decorrer dos séculos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”; “Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado.” (Mc 16.15; Mt 28.19,20). Proclamar a redenção, e ensinar os que se acolherem à Igreja em virtude da pregação. – Evangelizar e doutrinar. Ambas necessárias, porque uma completando a outra, nas realizações de ordem espiritual para as quais foi instituída e organizada a Igreja. Realizar uma das partes em detrimento da outra é desobedecer a ordem do Mestre, tanto como se nada fosse feito. Em obediência rigorosa a esse binômio tem de se processar toda a atividade da Igreja.

OBRA ADMINISTRATIVA

             Para realizar com eficiência a sua função, a Igreja tem de exercer sua atividade dentro de uma estrutura administrativa planejada pelo próprio Senhor Jesus, seu chefe e cabeça, nas páginas imortais das Escrituras.

         Na observância desse plano divino, vários capítulos terão de ser considerados:

  1. a) Finanças – As realizações da Igreja de Cristo aqui na terra terão de ser asseguradas pela abnegação dos filhos de Deus. Ao levantar diante de seus discípulos o exemplo da viúva, que deitara duas moedinhas no tesouro do templo, proclamou o Senhor Jesus o princípio que deve nortear as contribuições do Seu povo. O da mordomia. Nada nos pertence, tudo é de Deus. Não é do que nos sobeja que devemos dar à Causa do Mestre. Ninguém tem o direito de apresentar escusas a esse respeito diante de Deus, porque a Ele pertencem “o centavo” da viúva, o “cruzeiro” dos pequenos assalariados e os “milhões” dos abastados. E é com esse dinheiro que a obra do Senhor tem de ser realizada. Se alguém deixa de trazer a sua participação, por pequena que seja, para o sustento da Igreja, não terá desculpas para apresentar diante de Deus. Estará simplesmente deixando de dar cumprimento ao plano divino, tornando-se indigno da confiança do que o Mestre nele depositou. Quantos esbanjamentos existem no seio das famílias crentes, de que não se lembram os maus contribuintes na hora de fazer suas contribuições; lembra-se, apenas, da alta do custo de vida e das aperturas financeiras do presente. Quantas vezes presenciamos entristecidos o dispêndio descontrolado com a aquisição de objetos desnecessários, com o luxo, com viagens dispendiosas e evitáveis, com a satisfação, enfim, de caprichos e futilidades. Todo esse dinheiro pertence ao Senhor e está sendo empregado indevidamente, está sendo desviado das arcas do Senhor, para a satisfação da vaidade.

            A Palavra de Deus nos informa que é o próprio Senhor Jesus quem dá à Sua Igreja os ministros que ela necessita (Ef 4.10). Ele os dá confiante na fidelidade de seu povo, que os terá de sustentar mediante suas contribuições espontâneas e abundantes. É, no entanto, angustioso o problema do sustento pastoral, todas as vezes que este Concílio enfrenta a organização do seu orçamento. Limitando-se os ministros a receber o estritamente necessário para o seu sustento e, isso mesmo, em nível modestíssimo, encontra o Presbitério barreiras quase intransponíveis no provimento dos recursos para esse fim.

            Afastando-se os ministros das lides seculares, por imperativo da consciência iluminada pelos ditames da Palavra de Deus, para que possam “militar legitimamente”, entregam-se eles confiantes nas mãos da Igreja. E quando esta não se coloca e não permanece na altura de merecer essa confiança, tem de ser responsabilizada – e não os ministros – pela secularização do ministério e conseqüente perturbação do plano estabelecido por Deus.

            Este Concílio acaba de licenciar dois jovens obreiros em prova para o Santo Ministério. A prova não será apenas para eles, mas para a Igreja também. Da maneira como foram recebidos, tratados e sustentados pelas igrejas por onde passarem o período de licenciatura, dependerão em grande parte os estímulos para a continuidade triunfante de sua carreira ministerial.

  1. b) Consagração – Não basta contribuir. O que nos pede a Palavra de Deus, na esquematização do plano divino para o funcionamento da Igreja, é muito mais do que isso: – é a nossa consagração integral. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm 12.1). Os templos desertos aos domingos ou quartas-feiras são o mais doloroso atestado da falta de fidelidade de muitos crentes. Vencem-se as distâncias maiores e superam-se os obstáculos de toda a natureza para o atendimento de interesses de ordem temporal. Tornam-se essas distâncias instransponíveis e esses obstáculos insuperáveis para que, aos domingos e quartas-feiras, venham esses crentes à Casa de Deus, afim de oferecer-lhe os seus sacrifícios de louvor. Tudo podem para atender interesses humanos. Nada podem para oferecer louvores Àquele que lhes deu o próprio Filho Unigênito. Está nos planos de Deus que os seus filhos se reúnam no lugar do culto público para testemunho público de sua adoração; para conclamar as almas para os pés de Cristo; para educar a sua infância e para adestrar a sua juventude. Há, no convívio dos filhos de Deus, na troca de suas influências pessoais, no entrelaçamento de seus corações e, portanto, em suas reuniões, elementos indispensáveis e insubstituíveis para o fortalecimento da vida espiritual. As santas ordenanças cristãs, de que se compõe o culto estabelecido e regulado pelo próprio Deus, não podem ser celebradas de um modo tão completo e eficiente sem as reuniões regulares do povo de Deus. O domingo não nos pertence. É do Senhor. Não podemos usá-lo apenas para o descanso de nossos corpos e não podemos usá-lo para qualquer fim, por mais nobre que seja, com sacrifício do culto público que devemos a Deus, em detrimento dos interesses de nossas almas.

            Uma outra coisa – o descanso e a santificação – estão conjugadas nos planos de Deus. A freqüência aos cultos, à Escola Dominical, às reuniões de treinamento da mocidade, aos estudos bíblicos às quartas-feiras, às reuniões devocionais do povo de Deus, devem ocupar o mais alto lugar em nossas cogitações e todos os esforços devem ser feitos nessa direção.

            Não basta, porém, estar presentes às reuniões. É preciso que estejamos integrados na obra que se realiza no seio de nossa igreja, procurando cada um o lugar que lhe compete na distribuição do trabalho. Pregar, visitar os enfermos e os interessados, distribuir convites e folhetos de propaganda, cantar no coro, ensinar na Escola Dominical, abrilhantar os trabalhos da mocidade, das juvenis, das sociedades femininas, com os dons especiais que nos tenham sido concedidos pela providência divina – eis a multiforme expressão de um verdadeiro espírito de consagração de que deve estar revestido todo o crente fiel, na Igreja de Cristo.

  1. c) Disciplina – O Senhor Jesus, cabeça da Igreja, instituiu autoridades para o exercício da disciplina. “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de suplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.” (1Tm 5.17). “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas, para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” – Importa, pois, segundo os planos divinos, que haja respeito para com as autoridades eclesiásticas instituídas em obediência à Palavra de Deus. Numa igreja presbiteriana a autoridade eclesiástica é representada pelos pastores e presbíteros. Deixar de acatar os seus conselhos e destruir essa autoridade por uma oposição sistemática, é pretender anular completamente o plano divino em relação à Igreja, e opor-se à vontade de Deus. Se pastores ou presbíteros não preenchem os requisitos para merecerem esse respeito, sejam substituídos pelos meios adequados. Nunca desacatados.

            Além dessas autoridades, há, no seio da Igreja, a divisão de trabalho, que também exige disciplina, assim como há relações pessoais que devem ser reguladas por preceitos exatos e intangíveis. – Para isso tem a Igreja a sua Constituição e Ordem e, para regular sua função civil, os seus Estatutos. As leis têm de ser obedecidas, para que haja ordem no seio da Igreja. – Os jovens são os mais sujeitos a perder o espírito de disciplina. Por isso a eles se dirige, de modo particular, a Palavra de Deus, nestes termos: “Vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos; e sede submissos uns aos outros e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes.” (1Pe 5.5) Importa, pois, que haja respeito às autoridades locais e respeito recíproco em todas as relações que se estabeleçam no seio da Igreja de Cristo.

  1. d) Mocidade – Dentro das normas acima indicadas devem os jovens se organizar no seio das igrejas locais, sob as vistas dos presbíteros, para que melhor possam desenvolver os seus dons e realizar suas atividades. Na escola de trabalho intenso, no seio da igreja, é que se forjam os líderes do futuro; e uma igreja que “despreza a sua mocidade” – não lhe dando atenção e oportunidade – é uma igreja fadada ao enfraquecimento. Importa que os moços sejam disciplinados e que as autoridades lhes dêem oportunidades e relativa autonomia em suas organizações próprias. Conjugados os esforços nessa direção, alcançaremos o ideal: – o aproveitamento integral do entusiasmo e das energias da mocidade, sem o sacrifício da ordem.
  2. e) Seminário – O preenchimento dos claros para o nosso ministério, considerada a conveniência de termos um ministério preparado “para manejar bem a palavra da verdade”, – depende do bom funcionamento do nosso Seminário. Ele precisa, pois, contar com o vosso amor, com a vossa cooperação, com as vossas constantes orações. A cooperação deverá expressar-se, de modo particular, num esforço constante para o despertamento de novas vocações e no encaminhamento dedicado para o Seminário, dos elementos que, a juízo dos presbíteros e do pastor, sejam considerados dignos desse encaminhamento. Pensar no Seminário e orar pelo Seminário em termos meramente subjetivos não é tudo. Importa que o interesse e a oração se expressem em termos objetivos, isto é, em se lembrarem os irmãos lavradores de enviar, por ocasião de suas colheitas, uma parte dos frutos da terra, para alimentação dos filhos da Igreja; importa em contribuir dedicadamente na coleta anual determinada pela Constituição e Ordem; importa, sobretudo, em pedir novas vocações e estar atentos ao aparecimento dessas vocações e ao seu imediato e integral aproveitamento. Só o Senhor deve enviar alunos para o Seminário. Mas o Senhor os manda em resposta às nossas orações e através de nossa instrumentalidade. Haja, pois, crescente interesse no seio de nossas comunidades locais, em favor do Seminário.

TESTEMUNHO FUNDAMENTALISTA

            “Esta nova igreja é, sem dúvida, o fruto de um acendrado apego à doutrina.” – Essas palavras constam do manifesto com que se apresentou a nossa denominação perante o evangelismo brasileiro. Não podem elas ter o sentido de desejarmos manter a doutrina dentro das nossas fileiras, pouco nos importando com o que se passa em relação a essa mesma doutrina nos demais setores da Igreja de Cristo ou em relação àqueles que, usurpadores de posições eclesiásticas, ocupando púlpitos, escrevendo em periódicos evangélicos e pontificando na cátedra de Seminários ditos evangélicos, deturpam e contestam essa mesma doutrina pela qual temos “acendrado apego”. Seria o maior dos contrasensos ou coisa que melhor nome tenha.

            A posição assumida por esta igreja a 11 de fevereiro de 1940 só nos pode levar a unir nossas forças e o nosso testemunho integral e entusiasta aos esforços e ao testemunho de todas as igrejas que, em todo o mundo, tomaram a nossa mesma posição diante de Deus e diante dos homens. Somos, portanto, parte integrante da “Reforma do Século Vinte”, e a esse movimento temos de dar o nosso mais entusiástico e efetivo apoio

            Consideramos apóstata o Concílio Mundial de Igrejas, em cujo seio convivem, num conúbio que julgamos adulterino, representantes de igrejas evangélicas, sacerdotes de igrejas católicas de igrejas idólatras, ministros que negam a divindade do Senhor Jesus e, portanto, a Sua obra vicária e expiatória, crentes em Cristo e crentes na virgem Maria, incrédulos e racionalistas de todos os graus.

            Todas as igrejas, portanto, que pertencem a esta federação eclesiástica, têm o dever de tomar esta posição de combate contra o modernismo teológico e, consequentemente, contra os seus promotores e sustentadores no seio das diversas igrejas evangélicas. Queremos manter nossas relações com essas igrejas, porque estamos convencidos de que elas se constituem, na sua grande maioria, de crentes fiéis, e porque, oficialmente, continuam elas mantendo símbolos de fé que consideramos ortodoxos. Não queremos, no entanto, manter essa relação à custa de um silêncio complacente ante os erros praticados por muitos dos seus líderes, e ante as relações diretas ou indiretas que essas igrejas estão mantendo com o Concílio Mundial de Igrejas.

            Assumimos o risco de nossas atitudes. Como evangélicos, sentimo-nos com o direito de protestar contra o fato de a Confederação Evangélica do Brasil, usando o nome de evangélica, continuar ligada ao Concílio Internacional de Missões, depois que este se integrou no Concílio Mundial de Igrejas; e contra o fato de igrejas, que consideramos irmãs, permanecerem no seio dessa confederação, a despeito dessa ligação. Como evangélicos, protestamos contra as confabulações entre ministros do Evangelho e sacerdotes católico-romanos, com vistas para uma união ou cooperação fraternal, que consideramos um ultraje para o protestantismo. Tal é a posição que devem assumir todas as nossas igrejas federadas, o nosso ministério e, notadamente, o nosso Órgão Oficial. Nossa atitude deve ser desassombrada e atuante, e não complacente e conformista.

NOSSA PERSPECTIVA

            Assim fiel à nossa origem, e cada vez mais convencida de que tem uma função especifica no seio do evangelismo nacional, marcha a Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil com crescente firmeza, tendo diante de si brilhante perspectiva. Novos obreiros entram em atividade. Novas igrejas e comunidades locais são organizadas. Novos Presbitérios deverão ser organizados. Tudo havemos de fazer para chegar ao jubileu de prata com o Sínodo organizado.

            Sintam, pois, as igrejas, a responsabilidade decorrente de sua missão e das bênçãos que o Senhor lhe tem concedido; sem tergiversar, sem transacionar com o adversário da Causa do Senhor Jesus, sem desfalecimento, sem hesitação, mantenham-se na altura da posição assumida a 11 de fevereiro de 1940.

            Para que alcancemos triunfantes as diversas metas de nossa jornada em direção aos destinos gloriosos que nos esperam, mister se faz, além de todos os valores de ordem espiritual atrás mencionados, que não percam de vista, as comunidades locais, o sentido de unidade federativa. Importa que todas as comunidades locais se unam ardorosamente e com espírito de sacrifício, em torno dos interesses gerais da denominação. Todos os esforços sejam feitos em favor da coleta de gratidão, da coleta do Seminário, coleta do Órgão Oficial e da coleta da Criança Pobre.

“E se o mundo atear os seus ódios

Contra nós, com mordente desdém,

Não importa! Jamais entibia

Os heróis da conquista do bem!”

Jacarezinho, janeiro de 1942.

Ass. Armando Pinto de Oliveira, Jeiel Couto, Antonino José da Silva, Raphael Camacho, Paulo de Almeida, Evans Manly Harden, Alceu Moreira Pinto, Horácio Pereira, Lázaro Ferraz de Campos, Alfredo Leite de Morais, Pedro Martins de Aquino, Odilon Alves dos Santos, Virgílio Garcia Duarte, João Meira, Otávio Nunes de Lima, Eliseu Freddi, José Venâncio, Lázaro Romualdo de Castilho, Izaul Steffen.