PASTORAL 1952
15 de maio de 2023
PASTORAL 1951
15 de maio de 2023
PASTORAL 1950

PASTORAL – 1950

Rev. Francisco Augusto Pereira Junior

            Amados conservos em Cristo:

            Do ângulo em que, providencialmente, nos coloca nossa honrosa atribuição, se adelgaça à nossa frente, o dilatado panorama dos setores em que vos achais esparsos e radicados; e, sobre vós, invocamos no amor e temor de Deus, as suas bênçãos multiformes.

            Como batalhão do Exército de nosso Senhor Jesus Cristo, a ordem do dia é esta: Avançai, sem esmorecer!

            Muita coisa temos a dizer-vos nesta Pastoral, mas a nossa palavra será sucinta.

            O sentido de nossa primeira década de existência coletiva, chama-nos desde logo, a atenção. Dez anos são passados, desde o alvorecer de nossa arregimentação conservadora. Em onze de fevereiro transato, foi-nos dado, como sabeis, transpor os limiares da primeira década de nossa gloriosa jornada, na sagrada pugna pelos altos ideais inscritos em nossa bandeira, desfraldada, em hora cruciante, no seio do Protestantismo pátrio. Dois lustros se erguem a nossos olhos, o número dez; e este, no seu simbolismo, nos convida, certamente, a estacionar e a refletir. Traz o número dez, de remota antiguidade, um simbolismo significativo, qual seja o da idéia daquilo que é completo. Assim é que havia dez mandamentos; havia dez patriarcas antediluvianos e dez pós-diluvianos; o livro de Gênesis se dividia em cinco seções de dez capítulos cada uma. “Dez” – já foi dito – “são a altura e a extensão das asas dos querubins da glória, que abrigam no Santuário, a Arca da Aliança, e sustentam o Propiciatório, de onde Jeová, nosso Deus, se mostra propício a seu povo.” Dez são, outrossim, as virgens da parábola de advertência de nosso Senhor (Mt 25.1ss). Dez anos, para nossa agremiação, vêm a ser um período completo em si: a primeira pérola do colar de decênios, que se vai formando em nossos anais. Dez anos! Pirâmide erigida em nossa trajetória, e de cuja sanidade altaneira, se nos permite, a uma, descortinar o passado e interrogar o futuro. Quanto ao passado, lícito nos é dizer com Samuel: “Até aqui nos ajudado o Senhor.” (1Sm 7.12). Sim, porque, ilesa, tem sulcado a nau conservadora, “mares nunca dantes navegados”, sem claudicar nem para a direita, nem para a esquerda, ora afrontando vendavais e rasgando vagalhões, ora deslizando, serena, por sobre a face de águas tranqüilas, “sem névoas nem espumas”, sempre rumo ao alvo proposto. . . Quanto ao futuro, cintila a estrela da esperança: A vossa firmeza e disciplina. A Coligação. . . “O Fundamentalista”. . . A plêiade radicante de jovens missionários. . . Nosso ministério. . . Nossas igrejas. . . “O Presbiteriano Conservador”. . . Tudo bem interpretado pelo prisma da fé, promete muito; oh! Sim, promete ampliação e consolação, com o favor de Deus.

            Nossa contribuição esteve na altura dos reclamos da Câmara. Basta dizer que ultrapassou o otimismo do alvo proposto, fato esse que prova, à saciedade, o espírito de compreensão e consagração, que impera, promissor, em todos os setores de nossa agremiação, e que constitui motivo de ação de graças a Deus. Seja, outrossim, esse triunfo, poderoso incentivo para os esforços deste ano, prosseguindo-se na arrancada em demanda na mesma direção! “Abre bem a tua boca, e eu ta encherei” (Sl 81.10): é a exortação com promessa, exarada no Saltério.

            Cidadãos e cristãos, crentes em Jesus, discípulos seus, não é lícito que sejamos indiferentes aos deveres cívicos. Está em crise a política nacional. E, como se sabe, a política, ciência de bem governar, tem-se abastardado: tem-se degenerado na politicagem. Cumpre que oremos, para que Deus, intervindo misericordiosamente, norteie os acontecimentos, em benefício da Pátria, digna de melhor sorte. E, quanto aos nossos votos, consagremo-los aos candidatos que nos parecem mais capazes na esfera almejada. Lembremo-nos do ensino apostólico: “a autoridade é ministro de Deus para o teu bem.” (Rm 13.4).

            Oportuno é focalizar também a sondagem para a absorção, que a Igreja romana vem fazendo com referência ao Protestantismo. Nosso órgão oficial bradou em tempo, mas convêm dizer aqui sobre a estranha atitude. Lê-se na “Folha da Manhã”, de primeiro de março último: “a Santa Sé insiste, porém, em que tal colaboração, deve ser uma união conforme é entendida pela Igreja Católica. As “inscrições” de quatro mil palavras, baixadas aos bispos, esclarecem que a Igreja procura a volta dos “dissidentes” individuais, e não uma federação de igrejas.” É problema, como se percebe, suscitado pelo Ecumenismo, e que interessa direta e especialmente, ao Modernismo. Nós, fundamentalistas ou conservadores, estamos à margem de tais cogitações; e, o que podemos e devemos fazer, é orar pela conversão real do Romanismo presunçoso, deploravelmente abismado nas densas trevas da apostasia.

            Não nos é possível silenciar o grave problema das relações internacionais. Sérias são as apreensões: Vivem os povos, dias atribulados. Hoje, como no tempo de Paulo, os dias são maus. Como se não bastasse o terror da maior das guerras, que passou qual passa o furacão, já se vai fermentando outra, e esta de maiores proporções, que se ergue apavorante. É de se esperar, porém, que Deus, servindo-se de homens sensatos, imprima um novo rumo ao temeroso escarcéu. “A Gazeta” de 12 do mês passado, faz eco de um esforço auspicioso, concernente a tal prognóstico. Ouçamo-la: “Washington, 12 – Num relatório publicado hoje, sob os auspícios do Conselho Nacional, contra a Conscrição, 16 figuras salientes do mundo científico, universitário e religioso, norte-americano. . . acusam os Estados Unidos e a Rússia de não quererem, sinceramente, o estabelecimento do desarmamento geral. . . Todavia os dois governos são sensíveis aos reclamos da opinião pública; não ignoram as vantagens econômicas que tirariam do desarmamento, e parecem dispostas a querer evitar a guerra. Nisto reside, finalmente, a esperança do documento, que propõe um programa de desarmamento, em cinco pontos: 1º. Paralisação imediata da fabricação de bombas atômicas, e transferência dos estoques existentes, para o controle da ONU; 2º. Aceitação da proposta russa, com acordo interditando a produção maciça da arma atômica; 3º. Aceitação do plano norte-americano, de inspeção internacional dos estoques atômicos; 4º. Destruição dos estoques, antes ou depois da entrada em vigor do controle internacional; e 5º. Abolição de todas as armas e armamentos clássicos, coincidindo com a destruição das armas atômicas.” Consultados os povos, seu consenso alçaria a voz, e, em uníssono, bradaria: Amém! Oremos para que os homens que governam as nações, sintam, em cheio, o peso de suas tremendas responsabilidades e acertem com o caminho da paz. “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5.9).

            Por fim, é hora de nos lembrarmos do repatriamento e conversão dos judeus, fatos relacionados ao segundo advento de Cristo. Ezequiel profetiza o seu repatriamento “dentre as nações” e “de todos os países” (36.24; 37.21,25). E Paulo vaticina a conversão dos mesmos, em massa, quando se exprime nesses termos: “Pois não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais sábios em vós mesmos, que o endurecimento veio, em parte, a Israel, até que haja entrado a plenitude a plenitude dos gentios; e, assim, todo o Israel será salvo.” (Rm 11.24,26). Ora, o repatriamento vai-se dando mais depressa do que nos seria dado esperar. É de presumir, pois, que se aproxima a Segunda Vinda de Cristo, ocasião em que os judeus, contemplando-o, se converterão. (Ap 1.7).

            Cumpre que sejamos vigilantes, cuidando da doutrina, sem descuidar do procedimento. Alegra-nos saber que nossa constante campanha de saneamento moral, no clima evangélico, vai acordando os dirigentes nacionais. Ainda bem que assim o seja. “Antes tarde, do que nunca” – é a voz da experiência da sabedoria popular.

            Como a Primeira Vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, se pregava em voz altissonante: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Mc 1.3), assim agora, para a Segunda Vinda, preparemo-nos: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é venerável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama; se há alguma virtude e se há algum louvor, seja isso que ocupe os vossos pensamentos.” (Fl 4.8).

            “Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema! Maranata! A graça do Senhor Jesus, seja convosco.” (1Co 16.22,23)

Francisco Augusto Pereira Júnior, João Rodrigues Bicas, Rafael Camacho, Carlos Pacheco, Florêncio Fernandes Reis, Alceu Moreira Pinto, Alfredo Alípio do Vale, Armando Pinto de Oliveira, João Cristiani de Souza, João Inácio Alves, Cazaro Romualdo, Herculano Alvim Pereira, Pedro Martins de Aquino, Izau Steffen, Manuel Bueno Gonçalves, Adelgício Ferreira de Moraes, Franklin Rodrigues Silveira, Antônio Pires Correa, Arnaldo Pinheiro, Ostilio José de Souza, Lívio Rodrigues, Dantes Scorza.