PASTORAL 1943
15 de maio de 2023
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PASTORAL 1942

PASTORAL – 1942

Rev. Alfredo Alípio do Vale

Diletos irmãos:

 

Como ministros e presbíteros de Nosso Senhor Jesus Cristo, declaramos que pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, recomendar-vos que procureis estas cousas necessárias ao vosso aproveitamento espiritual, esperando que procurareis observar o exposto nesta pastoral, cujos tópicos encarnam positivamente as necessidades prementes da atualidade. Em cada titulo encontrareis exortações oportunas que ferem de frente as irregularidades que vitimam as coletividades, ante a onda invasora que procura arrastar os alicerces das organizações eclesiásticas.

1º) Respeito e obediência às autoridades eclesiásticas – Os tempos que atravessamos são perigosos, pois a indisciplina medra infelizmente, por toda a parte. O desrespeito às autoridades eclesiásticas constitue verdadeira repulsa às recomendações bíblicas. Nota-se em quasi todos os setores religiosos acentuada revolta contra as autoridades religiosas, quer individuais quer conciliares. O espírito de luta que está infelicitando o mundo, penetrou de há muito no seio das agremiações evangélicas e daí o motivo dessa insubmissão. A desobediência que se revela dentro das organizações religiosas é filha da falta de humildade e piedade cristã. Alega-se que os atritos e outras questões similares são motivados pela atitude de determinados concílios quanto ao modo de aplicar a disciplina em especificados casos. Nem sempre a obstinação é a conseqüência de ato disciplinar ilegal; mas o sentimento de rebelião é resultado do pecado no coração humano, vasio das influências do verdadeiro e prático cristianismo. Se a atitude de rebeldia é o efeito de injustiças disciplinares, há na Lei Constitucional recursos de apelações, dando oportunidade aos prejudicados para reivindicarem seus direitos conspurcados. É mister a obediência às autoridades eclesiásticas, não só para o bem da Causa, como também ao bom funcionamento da ordem e do direito, pois, como preceita Vauveni, “a ordem é a lei dos seres inteligentes”, ou como afirma o grande Horácio: “da ordem nasce a força e a beleza”. (“ordinis haec erit est venus”). Consideramos a rebeldia como prejudicial ao meio evangélico e um péssimo testemunho perante o mundo. Devemos evitar em nossos setores quaisquer movimentos de perturbações internas. Seja, pois, a nossa divisa o respeito mútuo – equilíbrio ético do cristianismo unificador e triunfante.

2º) O poder civil e a observância às leis do país – É de relevante interesse religioso o acolhimento das leis nacionais, quando elas não contrariam os princípios sagrados da consciência. Se as autoridades eclesiásticas merecem na esfera religiosa apoio moral de seus jurisdicionados, as autoridades civis requerem todo apoio e sujeição de seus governados, quando elas agem dentro dos trâmites legais. S. Paulo declara: “Toda potestade vem de Deus”. Não existe razão para temê-las se estamos procedendo bem e nos submetemos às exigências legais. Na vida prática, os cristãos evangélicos devem atender às leis do país, cooperando eficazmente com as autoridades para a eficiência das mesmas. Dentre os numerosos dispositivos estabelecidos, devemos dar desempenho a determinadas observâncias que garantem o direito individual e coletivo: registrar os filhos recém-nascidos dentro do prazo fixado pela lei; pagar os impostos exigidos sem o lamentável prejuizo para o erário público; pagar com a máxima pontualidade o imposto de renda, de imóveis, e de outros, de acordo com o capital e transações realizadas, sem prejudicar o fisco, que é crime de lesa patriotismo e ao mesmo tempo pecado contra Deus, uma vez que Jesus Cristo disse: “Daí a Cesar o que é de Cesar” (Mat 22.21); não realizar casamentos de filhos antes da idade requerida pela lei, afim de não faltar com a verdade e não prejudicar os próprios interessados. A observância das leis humanas é positivamente condenada nas seguintes passagens escriturísticas: Rom. 13.1-7; Tito 3.1; 1 Ped. 2.13, 21). A falta de escrúpulos no modo de negociar, auferindo porcentagens exorbitantes, compromete os que professam o verdadeiro cristianismo.

3º) Educação da família e respeito aos pais – A vida moderna vem quebrando a tradição, chamando-a de tabu, afim de implantar a expansão dos maus costumes que precisam ser contidos, pois o desenfreiamento moral conduz às mais graves conseqüências. Na educação da prole deve predominar a lei do direito humano, porque todos os legisladores sempre procuram estabelecer um nível, afim de evitarem o desequilíbrio, causa precípua de muitos males físicos e morais. Educar filhos não está exclusivamente no método que circunscreve o preparo intelectual, porém em ensinar o temor de Deus, que, na expressão salomônica, é o princípio de toda a sabedoria. A disciplina na família é uma grande necessidade. Estabelecer entre os filhos e genitores o respeito e a obediência, constituem um salva-vidas no futuro destino da prole, evitando-se certa familiaridade, em que os pais perdem grande parcela de prestígio pessoal, mas se distinguindo, quando se penetra em um lar pela primeira vez, quais os progenitores, tal o desrespeito ali reinante. Plínio, o moço, já dizia em seu tempo: “Nimia familiaritas contemptum parit” (“a muita familiaridade dá causa a pouco respeito”). Sujeição ao pátrio poder é da legislação humana. Educar os filhos na correção e disciplina do Evangelho, é da legislação divina. Os pais devem evitar na presença dos filhos conversações que desacreditam as pessoas de responsabilidade e dentre estas as do ministério. O mau conceito espalhado entre os membros da família contra quem quer que seja, gera males irremediáveis. Administrar aos filhos lições sobre o problema sexual, através de bons compêndios, escritos por autores competentes, é dever dos pais esclarecidos e cuidadosos. Se a vida moderna, à luz das ciências biológicas, vai propiciando conforto ao próprio corpo, tem também produzido inumeráveis males. Para evitar estes, precisamos usar meios que estão ao nosso alcance. Velai, pois, pelos vossos lares, tendo o mesmo escopo de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”

4º) O culto doméstico – O culto doméstico é o altar da família cristã, constituindo base sólida à religião no lar, onde são formados os caracteres dos filhos sob a influência santificadora das doutrinas compendiadas nas Escrituras Sagradas. Descurar a prática do culto familiar é ameaça à educação dos filhos, preparando-os para o indiferentismo condenável, cujo fim é a morte moral das vítimas da apostasia. Os problemas da família cristã dependem para a sua solução de permanentes orações. Se alguns lares cristãos teem fracassado a despeito da prática do culto doméstico, que resultará nos lares onde essa prática religiosa for negligenciada? A celebração do culto feita com fé e temor a Deus, sustentará os corações, a menos que a religião descambe para o formalismo. Do lar, a religião irá ao templo, e deste à sociedade. O esteio da educação religiosa é na família, pois a maior parte do tempo esgota-se no lar, onde aparecem as tentações que encontrarão o culto como uma coluna de resistência a separar do mundo a família evangélica que possue verdadeiramente a compreensão religiosa.A leitura da Bíblia vai espancando energicamente as imperfeições e as mais poderosas tendências pecaminosas, criando um ambiente de temor e obediência a Deus e consagração a Jesus Cristo. A vitória do lar cristão depende da religião na vida. Um lar ambientado no Evangelho estabelece completa diferença daqueles que não o são. A piedade formada no lar é como a planta que ao nascer aguarda o sol, o orvalho e a chuva para o seu completo crescimento. Assim também o espírito piedoso vai-se cristalizando na meditação da Palavra de Deus e nas orações que servem de adminículo ao desenvolvimento espiritual. Por esse motivo, devemos afirmar que são prodigiosos os efeitos resultantes do culto doméstico. Não procede o argumento de que existem lares fracassados, embora façam ou tenham o culto doméstico. O fato de um doente não sarar com determinada e metódica prescrição médica, não significa que outros não possam também ser curados. A recomendação apostólica está concitando o ânimo dos cristãos negligentes e apáticos, dizendo-lhes: “Mas se alguém não tem cuidado dos seus, principalmente dos de sua família, negou a fé e é pior do que o infiel.” (1Tim. 5.8). Sejamos, pois, zelosos, e a nossa divisa consolide-se nestas palavras: O nosso lar para Cristo.

5º) Respeito e ordem na Casa de Deus – O templo constitue, no sentido espiritual, o verdadeiro santuário do povo de Deus. Deve haver entre os adoradores do Deus vivo profunda contrição religiosa. Uma vez dentro da Casa do Senhor, precisamos e devemos manter o espírito reverente de adoração, evitando tudo aquilo que seja contrário à nossa comunhão espiritual com o Pai e bondoso Deus. O respeito aliado à ordem satura o ambiente religioso e produz nos próprios estranhos salutar impressão de que, na presença do Senhor, guardamos uma atitude grave, respeitosa e de imperturbável silêncio. Os retardatários devem entrar no templo de modo atencioso, evitando ruído e os que estiverem presentes devem também despreocupar-se de reparar o que se passa em torno da comunidade reunida. Silenciosamente, deve-se entrar no templo e procurar pela oração preparar-se para prestar culto, não como um mero assistente, porém, como verdadeiro adorador. Seria de bom alvitre se todos tomassem uma só posição na atitude de orar, havendo nesse gesto uniformidade. Portar-se o assistente frivolamente na Casa de Deus, é assumir uma atitude de profanação, concorrendo diretamente para o desrespeito à ordem e para a violação dos sãos princípios da educação religiosa. A irreverência no templo de Deus preocupou o grande pregador Salomão, que chamou a atenção dos seus ouvintes, admoestando-os com estas palavras: “Guarda o teu pé quando entrares na casa de Deus.” Deve haver o maior escrúpulo nos programas festivos exibidos em os templos, impedindo-se atos de caráter profano. Dentro dos templos cumpre manter a mais profunda religiosidade. Zelem os pastores e demais dirigentes pela boa ordem e respeito na casa do Senhor.

6º) Abstinências – A santificação sendo uma obra de livre graça de Deus, importa no testemunho de vida renovada. Ela beneficia o corpo e o espírito simultaneamente. Abstinência completa de todos os vícios – eis o escopo de uma vida consagrada a Deus. A obra santificadora depende da submissão do nosso espírito, pois o Espírito Santo é o agente e nós os co-agentes. Ortodoxia doutrinária sem a santificação que a doutrina pura produz no coração humano, é simples platonismo religioso. Sr ortodoxo ou conservador é ser santificado, morto ao pecado e vivendo sempre para o Senhor na mais absoluta abstinência de todos os vícios. O grande doutor dos gentios afirmou enfaticamente: “Os que morreram com Cristo crucificaram todos os seus vícios e concupiscências.” Ortodoxia sem vida santificada, repetimos, é corpo sem alma, fé sem obras, profissão de fé sem conversão. O corpo do fiel crente é, na afirmação apostólica, o templo do Espírito Santo, porem se aquele for profanado, o Senhor o destruirá, ainda confirma o escritor sagrado. Para se adquirir santificação, é mister abstinência dos vícios carnais. Abstenhamo-nos de tudo aquilo que não condiz com a vida cristã, pois “sem a santificação ninguém verá a Deus.” A crucificação do homem velho implica inexoravelmente na abstinência de todos os vícios. A máxima filosófica de Juvenal exige: “Mens sana in corpore sano.” No tabernáculo de barro (o nosso corpo), segundo a linguagem do apóstolo S. Pedro, podemos desenvolver a vida espiritual na mais completa abstinência. Como o insigne reformador Martinho Lutero, devemos dizer: “Quanto mais me purifico, mais reconheço que sou imundo.” Combatamos os vícios e suas várias modalidades, tendo a convicção de que nossos corpos soa vasos de santificação e honra e ouçamos a recomendação bíblica: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

7º) Casamentos mistos – O matrimonio é de instituição divina para o bem do gênero humano; mas é necessário que essa união seja feita entre cristãos, afim de perpetuar-se a descendência dos filhos de Deus. Não é sem razão que nas páginas do Velho e Novo Testamento, aparecem sérias recomendações a respeito do casamento, cuja finalidade é sempre o bem do povo de Deus. A desobediência à recomendação bíblica vai de dia a dia criando obstáculos na constituição da família, relativamente à educação dos filhos, quando um dos pais tem idéias religiosas diferentes. A família dividida sobre princípios e métodos dos quais depende a formação social e religiosa do lar, constitue grande perigo ao futuro da prole. Devem os pais crentes empregar todos os esforços possíveis para que o casamento de seus filhos “sejam no Senhor”, como S. Paulo recomenda. Quem lê com cuidado as páginas do Velho Testamento, compreenderá sem esforço o zelo dos dirigentes do antigo povo de Deus, na escolha das esposas de seus filhos, afim de evitarem a mescla de idéias religiosas. Os casamentos mistos raras vezes dão bons resultados, pois na maioria dos casos operam a divisão dos lares. Nem mesmo com elementos liberais a união matrimonial traz bons resultados. Conservar o selo religioso acima de quaisquer interesses materiais, deverá ser a atitude dos fiéis crentes. O recurso material de uma das partes não determina a felicidade conjugal. Quantos cristãos indiferentes à freqüência dos cultos e à leitura da Bíblia, em conseqüência do casamento misto, em que predomina a desigualdade religiosa! É preciso que se volte ao zelo primitivo sobre o casamento, e os nubentes tenham as mesmas esperanças religiosas e vivam sob o mesmo ideal. O que Deus exigiu do seu antigo povo ainda permanece de pé nos dias atuais, pois no Senhor não há sombra de variações. Ele é o mesmo Deus que inspirou Abraão a escolher a esposa de seu filho Isaac. Inspirará os pais crentes na realização dos casamentos de seus filhos. Prejuizos incalculáveis experimenta a Igreja contemporânea pela falta de zelo, deixando seus componentes cair nas malhas do casamento misto.

8º) Ofertas e dízimos – Considerando-se as várias instituições no seio do povo de Deus, aparece a contribuição, através de ofertas e dízimos, indicando haver o Senhor instituido tão benéfica prática. Nas recomendações do Velho e Novo Testamento, superabundam as provas veementes da prática da contribuição feita pelo povo de Deus. Se o judeu era obrigado a pagar o dízimo segundo; ao cristão isso é recomendado pela graça. Precisamos sistematizar as contribuições para fins gerais e locais, por meio de métodos que correspondam às necessidades do trabalho evangélico, pois as coletas especiais não deverão encarnar a base do sustento da obra evangelizadora. Ofertas dadas e dízimos pagos sistematicamente consolidam a estabilidade econômica de nossa denominação eclesiástica. Urge que se faça uma campanha sistemática a favor do pagamento do dízimo e sejam levantadas ofertas por meio de contribuições mensais, e assim atingiremos o fim desejado. Consolidar à Igreja as suas contribuições logo nos primórdios de sua existência, deve ser o ideal de todos os seus membros cônscios de seus privilégios e responsabilidades. Apareçam dizimistas e ofertantes com “as mãos cheias”, que a crise econômica será conjurada e o trabalho se estenderá por todo o território brasileiro. Cada crente saiba cumprir seu dever, dando ofertas e pagando dízimos, que o celeiro terá bastante trigo para alimentar os famintos do pão da vida espiritual. Os celeiros da casa do Senhor – a igreja – não ficarão esgotados se cada um de seus contribuintes souber amar o desenvolvimento da obra do Senhor. Os pastores e oficiais das igrejas locais devem com perseverança vencer todos os obstáculos surgidos diante dos esforços empregados, sabendo que o seu trabalho não é vão no Senhor. Seja, pois, consolidada a obra da arrecadação dos dízimos e ofertas porque a promessa do Senhor é consoladora e desperta entusiasmo e fé na consecução da obra evangelizadora. Eis pois as suas palavras infalíveis: “Trazei todos os dízimos a casa do tesouro para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma benção tal, que dela vos advenha a maior abastança” (Mal. 3.10)

9º) Louvores – O cântico oferecido a Deus é a expressão viva da alma ardendo em fé. Todos devem louvar ao Senhor, pois a própria natureza louva-O, assim como os animais. Quanto mais os seus adoradores! Entoar sempre ao Senhor um “cântico novo”, é prova de gratidão pelas bênçãos recebidas. Os louvores a Deus são verdadeiros frutos de sacrifícios espirituais oferecidos no culto racional que a Deus tributamos. Os louvores fazem parte integrante da adoração prestada ao Pai Onipotente. Eles revelam os sentimentos de nossa fé na alegria da redenção adquirida no sacrifício cruento de Jesus Cristo. Quando entoamos os louvores a Deus, usufruímos o extraordinário privilégio da obra redentora. Os que possuem boas vozes devem dedicá-las ao Senhor, cooperando destarte para a glorificação do culto tributado a Deus. As igrejas e congregações que possuírem pessoas de boas vozes, devem organizar seus coros, pois muito auxiliarão o trabalho do Evangelho. Enquanto os cantores profanos fazem preços à sua voz ou cantam para propaganda de seus dons, os adoradores oferecem ao Senhor sua voz como sacrifício santo, agradável, suave e espiritual de gratidão ao adorável Salvador. O cântico também é um testemunho de quem vive para Deus e anuncia aos outros a sua eterna alegria proclamando os feitos do Senhor. Por isso diz o Salmista: “Para publicar com voz de louvor e cantar todas as suas maravilhas.” (Salmo 26.7).

10º) Relações sociais – É contrário ao espírito do cristianismo, o afastamento do meio social por parte dos cristãos evangélicos, pois como sal da terra e luz do mundo, temos nossa missão a desempenhar no meio corrompido onde as trevas envolvem as criaturas. Ser cristão verdadeiro não implica retraimento da sociedade. Pelo contrário, com as pessoas não evangelizadas devemos manter relações, a fim de conduzi-las a Jesus Cristo. Pela nossa influência social-religiosa, mostraremos a diferença existente entre os que professam o cristianismo e os que dele não teem conhecimento. Nosso Salvador manteve influência pessoal na sociedade de seu tempo. Esteve nas bodas de Caná da Galiléia, onde transformou a água em vinho, operando assim o seu primeiro milagre. Jesus Cristo não preconizou para seus discípulos a lei do segregamento o meio social. Não exigiu deles a retirada do mundo, porém pediu ao Pai Celestial: “Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal.” (João 17.15). É na convivência com os homens que eles verão as nossas obras e glorificarão ao nosso Pai que está nos céus. O cristão evangélico não pode nem deve ser anti-social. Os seres que possuem as mesmas faculdades não podem viver separados. Formam grupos, núcleos, reuniões. Nota-se isto até mesmo entre os animais que se sentem bem entre seus iguais. Se o poeta Adson diz que “as amizades do mundo soa muitas vezes federações no vício, ou ligas de prazer”, por nossa influência transformemos essas federações ou ligas em núcleos de cristãos verdadeiros e exerçamos entre os seus membros as nossas forças morais e espirituais, imprimindo-lhes novos caracteres, e lapidemos as pedras construtivas da sociedade contemporânea. Sociabilidade e cristianismo prático são característicos que se podem unificar, formando um círculo vigoroso, e em que o ambiente evangélico há de predominar. Se o homem é um animal religioso, como o afirma a filosofia, é inquestionavelmente um ser social. É da sociedade profana que saem os membros para a sociedade religiosa denominada – Igreja.

11º) Sinais dos tempos – No término desta pastoral convem lembrar-vos a situação do mundo na atualidade, cujo panorama de vida internacional constitue para o povo de Deus um aviso solene de aproximação da vinda pessoal de nosso Senhor Jesus Cristo. A inquietação que abala os alicerces das instituições, está marcando o período de angústia da pobre humanidade. A guerra em suas garras aduncas vai arrastando os povos no desvairo de suas paixões insaciáveis à morte e destruição. Toda essa hecatombe em que se está mergulhando o mundo é o fruto do pecado no coração humano. Judiciosamente, afirmou o grande sábio oriental: “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.” A insegurança que está abalando o mundo moral e religioso, é consequentemente o resultado da ação político-social. A desorientação que está infelicitando o universo, assinala o tempo próximo da vinda do nosso Salvador. As nações não puderam resolver seus múltiplos problemas e por essa razão o desequilíbrio político-social desencadeou a guerra que fez o multifário de males que está torturando as criaturas sem esperança de melhores dias. Constituem esses fatos, à luz da Revelação, os sinais dos tempos preditos pelo grande Salvador. A Igreja do Senhor deve permanecer em constantes orações como sinal de vigilância na expectação da vinda do Senhor que a arrebatará para o céu, livrando-a da grande tribulação. Virá o Senhor depois de estabelecer o seu Reino Milenial, cumprindo-se as palavras simbólicas do profeta messiânico, Isaias: “E morará o lobo com o cordeiro e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro e o filho do leão e anedia ovelha viverão juntos, e um menino pequeno os guiará.” (11.6). Como as virgens prudentes, devemos estar preparados; com as nossas candeias saiamos ao encontro do Senhor que virá e não tardará.

            12º) Palavras finais – Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil, sede fiel à nobre e consagrada missão, desempenhando entre vossas irmãs no seio do evangelismo nacional a tarefa de disseminar o Evangelho e dar sem tréguas o testemunho da ortodoxia que vos caracteriza, defendendo com ardor e entusiasmo as doutrinas  fundamentais do Cristianismo. Cada igreja local de vossa denominação deverá ser uma coluna indestrutível na cooperação espiritual e financeira, no sustentáculo do trabalho e expansão do reino de Jesus Cristo em nossa alcandorada Pátria. Marchai, ó Igreja, olhando para o consumador da fé. Diante dos embates de vossos gratuitos adversários, cumpre exercedes com zelo e dedicação a obra que fostes encarregada de realizar no Brasil. Sobre vós invocamos a bênção do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem. Ass.) Francisco Augusto Pereira Júnior, Rafael Pages Camacho, Armando Pinto de Oliveira, Alfredo Alípio do Vale (Rel.), João Rodrigues Bicas, Flamínio Fávero, Antônio Arantes, Izoraldo Martins Coelho, Jônatas Pereira Coutinho, Manuel Pereira Fagundes, Isaías Cândido de Lima, Adelino Rodrigues de Oliveira, Horácio Pereira, Valentino Martins Rodrigues, Avelino de Souza Morais, Roberto Recht, Joaquim Bittencourt, Abílio Costa Ribeiro e João Rodrigues Filho.