PASTORAL 1962
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PASTORAL – 1959
Rev. Joel C. Rocha
Prezados companheiros e irmãos em Jesus.
A graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o amor de Deus, nosso Pai, a comunhão, a paz e a luz do Santo Espírito sejam conosco e com todo o Israel de Deus, hoje e para sempre. Amém.
Não podemos deixar de mencionar as ricas bênçãos que temos alcançado das mãos dadivosas de nosso bondoso Mestre, que nos salvou e nos comissionou para a gloriosa missão que nos foi confiada de anunciar o Evangelho aos pecadores.
Graças, mil graças rendamos ao Pai celeste, que nos deu mais um ano de vida e com ele mil oportunidades para nos demonstrar a sua misericordiosa e paternal proteção.
Oh, tivemos mais um ano de vida para operar em sua santa seara, e os frutos aí estão, do labor que realizamos na cauda que Ele nos confiou.
Não há dúvida que muito mais poderíamos ter feito, se fossemos mais desprendidos das contingências materiais a que estamos sujeitos e muitas vezes mais apegados do que devíamos. Façamos esta confissão, porque é justa e verdadeira junto ao trono do nosso Pai eterno.
Ano do Centenário
Este ano será celebrado o grande e glorioso fato da chegada de Ashbel Green Simonton, o pioneiro do presbiterianismo ao Brasil, há cem anos passados.
O presbiterianismo, nos seus quatro ramos, realizará grandes festejos em comemoração a esse acontecimento, uma das mais brilhantes páginas da história do evangelismo nacional. Louvado seja Deus por nos haver concedido tão glorioso privilégio, e hoje vermos, por todos os recantos do Brasil, a maravilhosa semente do Evangelho que Simonton semeou, estar produzindo frutos abundantíssimos para a seara de Cristo.
A Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil se movimenta para celebrar o faustoso acontecimento da maneira mais brilhante possível. Terá o grande privilégio de contar com a presença do Dr. Carl McIntire para a inauguração do edifício “Simonton”, que está sendo construído no fundo de sua sede em São Paulo. Esse edifício, que constará de três andares, terá apenas a parte térrea inaugurada de momento, para as reuniões da mocidade conservadora.
Todas as igrejas da seara conservadora e da seara fundamentalista no Norte, deverão se movimentar, para que os festejos do centenário sejam coroados de êxito para a honra e glória de nosso amado Mestre. Devemos assumir uma atitude unânime, de fazer um esforço especial, neste ano do centenário, para que alcancemos o máximo de realizações, máxime na obra da difusão da Palavra de Deus, falada ou escrita. Façam os obreiros do nosso presbitério programas especiais de evangelização, com abundante distribuição de literatura evangélica e, onde for possível , trabalho pelas estações de rádio ou serviços de alto-falantes.
Combate ao bartianismo
Muito se fala do bartianismo e contra o bartianismo, mas o que é de fato é que poucos sabem, realmente, o verdadeiro significado de bartianismo. Precisamos alertar nosso povo contra esse polvo envolvente e denunciar, nas suas verdadeiras cores, as suas origens e suas doutrinas.
Visto como, nos limites desta pastoral, não podemos entrar numa discussão profunda sobre o assunto vamos destacar alguns itens e fazer uma exposição resumida dos mesmos.
Seguindo o primoroso trabalho de Francis Schaeffer, intitulado – Neo-modernisme ou Christiasisme? Com o subtítulo de Le bartianisme à La lumière de La Parole de Dieu – destacamos em primeiro lugar:
A natureza do neo-modernismo ou bartianismo
Declara o ilustre escritor e teólogo, – “O princípio da salvação revolucionária, que apresentou Barth, os seis discípulos e os teólogos de Lund, é a negação do caráter absoluto da verdade.
Diante desta declaração, salta aos olhos que a base do sistema bartiano é negativista. É a verdade, porque a origem filosófica desse sistema, que corre os quatro cantos da terra, nas asas do Concílio Mundial, provém de Hegel, conforme o citado autor: – “Os neo-modernistas são inegavelmente discípulos do filósofo Hegel”.
Ora vejamos: conforme a afirmativa de Will Durant na sua História da Filosofia – “os ovos da filosofia de Hegel deram origem aos pintos do socialismo” – ou marxismo, dizemos nós. Vemos, diante do exposto, que o marxismo e o bartianismo tiveram a mesma origem. São negativistas e, por isso mesmo, os elementos de proa do Concílio Mundial são pró-comunistas, prestam-se a instrumentos do comunismo, e o tão decantado ecumenismo não é outra coisa senão uma aliança disfarçada do protestantismo apóstata com o comunismo, para fins de caráter político.
Vemos, aí, irmãos, o grande perigo. A Igreja Romana usou do mesmo método, e por isso mesmo ela é o que vemos hoje, uma organização de feição política e que, no passado. Dominou reis e imperadores. Empunhou as duas espadas, tendo uma na mão, qual verdadeiro cetro, e a outra cedeu ao Estado para cumprimento de seus propósitos maquiavélicos. A História da Inquisição está aí como prova dessa política danosa e anticristã. Os modernistas vão nas mesmas águas do romanismo.
Negação da Inspiração da Bíblia
Dissemos, linhas atrás, que o sistema bartiano é negativista.
É assunto já bem conhecido de todos nós, que o bartianismo não acredita e prega abertamente contra a inspiração das Sagradas Escrituras. Negar a inspiração verbal da Bíblia é negar a origem do tesouro mais precioso que Deus nos deu. Quer dizer, aquilo que a eles interessa para o “Evangelho Social” é a Palavra de Deus; mas os milagres, a divindade de Cristo, o seu nascimento virginal, a sua ressurreição física, etc, não é para eles, modernistas, a Palavra de Deus. Não é inspirado. Daí se pode concluir e aplicar o conceito anunciado por Jesus, quando se dirigiu aos fariseus, que rejeitaram o seu ensino: – “Pérolas lançadas aos porcos.”
Como dissemos linhas atrás, não podemos, nos limites desta pastoral, nos aprofundar na discussão desse assunto momentoso, mas apresentamos algumas citações de grandes vultos do bartianismo da atualidade e muito festejados pelos que vão na onda modernista ou bartiana.
Ouçamos o prof. Otto Piper do Seminário Teológico de Princenton, nos Estados Unidos. Diz ele, citado por Schaeffer: – “A verdade divina é contida na Bíblia; não obstante, Jesus mostrava que os judeus cometiam um erro quando, por certa razão, identificavam a Bíblia e a Palavra de Deus.” Quer dizer, a Bíblia é uma coisa e a Palavra de Deus é outra.
Essas palavras dispensam qualquer comentário. Tivemos ocasião de ouvir o prof. Piper pregar no púlpito da Igreja Unida de São Paulo.
Ouçamos mais um testemunho que vem comprovar o sistema negativista do teólogo da Suiça. É o Dr. Emilio Bunner, – um dos mais destacados defensores e propagandistas do bartianismo. Afirma ele: – “A Bíblia, em muitos aspectos, relativos à história, moral e à doutrina, não está de acordo com os conhecimentos que obtivemos noutra parte. Não se pretende que os Evangelhos estejam de acordo, isso seria má fé.”
Vede aí, irmãos, essas blasfêmias de Brunner, o grande teólogo e esteio do bartianismo. São de pasmar. . . mais ainda, são de arrepiar os cabelos. Mas estão escritas.
Para encerrar esse assunto, trataremos de mais um tópico, que vem trazer mais luz sobre a doutrina bartiana.
Universalismo Teológico ou Salvação Universal
Sabe-se, através do ensino da Bíblia, que não haverá salvação universal, da mesma forma como houve perdição universal, mediante a queda de nosso pai Adão.
O ensino de Jesus, nas parábolas do semeador, do trigo e do joio, das duas portas – a larga e a estreita – da parábola das dez virgens, a da grande ceia, assim como em São Mateus 25.31-45; o ensino de S. Paulo aos Romanos 11, o ensino em Apocalipse 20.11-15 e em muitos outros lugares do Novo Testamento, são de uma clareza cristalina quanto à salvação ser apenas do “pequeno rebanho” de Cristo.
Embora não estejamos de pleno acordo com todo o conteúdo de seu livro “Dogmática Evangélica”, ouçamos o testemunho do Rev. Alfredo Borges Teixeira quanto ao esquema bartiano, que nos apresenta nas páginas 321 a 322 de sua famosa obra: – “Barth transporta para a eternidade os fatos históricos da encarnação do Logos e da vida e morte de Jesus Cristo e essa divina humanidade pré-existente é que elegeu o Cristo histórico. Essa eleição não é feita pelo Pai, mas só pelo Logos pré-encarnado, o Jesus Cristo pré-existente.”
Leiamos o que a seu respeito diz Brunner, à seu próprio discípulo, a respeito dessa distinção. No “Novo Testamento”, onde se falada eterna eleição dos fiéis em Cristo o autor da eleição é só e sem exceção Deus; do mesmo modo que o autor da criação é somente Deus. Jesus Cristo é o mediador da eleição como é o mediador da criação. Nele, mediante Ele, mas não por Ele, nós somos eleitos, do mesmo modo como o mundo foi criado mediante Ele, mas não por Ele. Qual o sentido desta distinção? Não é somente lealdade ao explícito testemunho da Escritura, mas muito mais do que isso: a liberdade de Deus. Deus tem liberdade de eleger em Cristo e, fora de Cristo, rejeitar. Mas se Jesus Cristo mesmo se torna o autor da eterna eleição, então não há divina liberdade para em Cristo eleger e fora de Cristo, rejeitar. Então nem em Deus nem no homem há possibilidade de agir de modo diferente; então, em Jesus Cristo foi antecipada a decisão de cada homem; então, só existem eleitos e não há mais rejeitados, assim como não há ira de Deus; porque, então o único rejeitado – e esta conclusão é explicitamente tirada pelos que defendem esta teoria – é Jesus Cristo, o crucificado, que, ao mesmo tempo, é o único Eleito, desde toda a eternidade. Mas isso significa que – não somente para aqueles que crêem, os que estão em Cristo, – mas para todos, quer crentes quer descrentes, o Julgamento foi abrogado, a possibilidade de perdição deixou de existir para todos. Não há decisão. Assim, o resultado dessa teoria é o mais completo universalismo jamais formulado.
Não há dúvida, diz Brunner, noutra página, que muita gente estará alegre de ouvir uma tal doutrina, e regozijar-se-á de que afinal um teólogo ousou lançar no lixo a idéia do Juízo Final e a doutrina da perdição. Mas há um ponto que não se pode contradizer; é que, assim fazendo, Barth está em absoluta oposição a tradição eclesiástica e, não só isso, – e esta é a objeção final acerca do assunto – ao ensino claro do Novo Testamento. Como é possível eliminar, sem destruir o sentido, a proclamação de um Juízo Final que há nas parábolas de nosso Senhor, no ensino dos apóstolos João, Paulo e Pedro, na carta aos Hebreus e no Apocalipse? O que a Bíblia diz a respeito do livramento da condenação e do julgamento é isto: que Jesus salva da ira do Juízo vindouro os crentes; que, pelo seu amor, todos os que nele crêem não perecerão; que a “loucura da cruz é o poder de Deus para nós que somos salvos”, mas é loucura para os que se perdem; que a nova retidão oferecida á para todo o que crê; Jesus Cristo justifica quem tem fé nele. Em conseqüência, há dois caminhos: o caminho largo que leva à perdição e o caminho estreito que leva à vida, e poucos são os que andam por ele. Como então foi possível a Barth chegar a uma tão fundamental perversão da mensagem da salvação?
Vemos do que ficou dito que Barth está de acordo com Zahur, quando afirmou que “Satanás é nosso irmão”, uma vez que, no seu modo de pensar, não haverá perdição para ninguém.
Voto de mais Consagração
É este o último tópico desta pastoral já um tanto longa.
A seara conservadora está passando por uma fase de grande progresso, em todas as direções. Na capital já existem congregações em ponto de serem transformadas em igrejas. Pelos relatórios dos caros colegas, vemos que houve colheitas preciosas em todos os campos. O campo do norte do Paraná é de uma grande esperança em futuro não muito remoto. O campo de Goiás é outro que promete grandes frutos, tão logo haja obreiros à sua frente.
O Seminário desempenha a sua tarefa preparando os futuros operários da gloriosa seara conservadora. O nosso órgão oficial precisa de tomar novos rumos para que a família conservadora possa acompanhar mais de perto os passos avançados da obra que está sendo realizada.
Agora, irmãos e companheiros, lutemos com mais ardor e dedicação por Cristo e sua santa causa. Não esqueçamos o fato de que ele se deu a si mesmo para nos salvar. Pergunta Ele, na imaginação piedosa do autor do célebre hino: – “Morri, morri na cruz por ti; que fazes tu por mim?” – Eis aí o grande repto da mensagem do hino a nós dirigido.
Não nos esqueçamos do que nos diz a sua Palavra em certo lugar: – “O vosso trabalho terá uma recompensa”. Empunhemos o pendão do Evangelho e lutemos no presente, porque teremos uma eternidade para gozar as bênçãos que ele nos promete, se formos fiéis até a morte. “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” – é o que a sua Palavra nos afirma.
Catanduva, São Paulo, 30 de junho de 1959
Joel C. Rocha, 2º secretário, Armando Pinto de Oliveira, presidente, Antonino José da Silva, vice-presidente, Raphael Camacho, secretário permanente, Jeiel Couto, 1º secretário, Florêncio Fernandes Reis, Lino do Couto, Jair Soares Mesquita, Dante Scorza, Josino Lourenço dos Santos, Carlos Freddi, Cornélio Estanislau Rodrigues, Virgílio Garcia Duarte, Horácio Pereira, Odilon Fernandes Avelar, Pedro Martins de Aquino, João Cândido de Lima, Zaqueu José Barbosa, Izaul Steffen.