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Presos de Esperança

No capítulo 3 das Lamentações de Jeremias, especificamente no verso 21, o profeta, como alento diante de tanto sofrimento mencionado nos versículos anteriores, decide que, ao invés de ficar se revolvendo no gonzo de sua dor, a melhor atitude era ocupar sua mente com algo que lhe desse esperança. A certeza das misericórdias do Senhor reacendeu os ânimos do profeta, pois elas não têm fim e, se renovam a cada manhã. As aflições podem até agitar o mar das expectativas, mas, serão incapazes de soçobrarem a nau da fé. Sem dúvida, foi na “Esperança de Israel” que Jeremias encontrou forças para “…aguardar a salvação do Senhor, e isso em silêncio”.

O Apóstolo Paulo também fala de esperança ao escrever sua primeira Epístola a Timóteo. No versículo primeiro do capítulo um da Epístola mencionada, o Apóstolo destaca Cristo como sendo “…nossa esperança…”. Tal qual Jeremias, Paulo estava passando por tempos difíceis em seu ministério. Além de embates com os judaizantes e afins, também sofria com prisões provenientes de gentios. O contexto das pastorais indica que o Apóstolo já vivenciava as opressões romanas contra a Igreja de Cristo. Diante disto, Paulo entendeu por bem conscientizar o seu filho na fé, a não fazer “…da carne mortal o seu braço…”, senão descansar as suas expectativas em Cristo Jesus, nossa esperança da Glória.

É de consenso, pelo menos dos mais tradicionais, que os últimos seis capítulos de Zacarias foram escritos já no desfecho do seu ministério profético. Esses capítulos, de cunho escatológico, pospõem-se o que G. Van Groningen chama de “interlúdio histórico” do livro. As visões proféticas dos primeiros capítulos cedem lugar ao aspecto messiânico que abrange, tanto o advento da primeira vinda de Cristo como reino do Messias que “…ultrapassará em santidade, em triunfo, em glória e em aceitação mundial tudo que uma teocracia local, israelita ou judaica, jamais poderia alcançar. ”, como enfatiza Van Groningen.

É verdade que nem todos os israelitas que se encontravam sob o domínio de Ciro atenderam suas palavras registradas em Esdras 1.3. Embora o rei tenha dito: “Quem dentre vós é de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém de Judá…”, muitos não abraçaram a providencial oportunidade. Provavelmente a expressão: “presos de esperanças” de Zacarias 9.12 diz respeito ao grupo que não voltou do desterro. Isto não quer dizer que o profeta tivesse em mente apenas a descendência física de Abraão, pois, no verso 10, o domínio de “…mar a mar…” implica numa abrangência nunca atingida pelos hebreus, daí o alcance do reino messiânico.

A mensagem dos últimos seis capítulos de Zacarias apresenta o Messias como um Rei Justo, Salvador e Humilde, não apenas para os ouvintes de sua época, como já mencionado, este domínio de mar a mar implica num reino para além dos termos físicos de Israel. O apóstolo Paulo diz em Romanos 1.16 que o Evangelho é o “…poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê…”. O mesmo Paulo diz em Colossenses 1.12 que Deus “…nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor…”. Por isso, conforme Zacarias 9.12: “Voltai à fortaleza, ó presos de esperança…”, para que as palavras de Paulo em 1 Coríntios 15.13: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo. ”, sejam uma realidade na vida da Igreja.

Que o Senhor Jesus conceda um ótimo dia a você e toda a sua família.

Reginaldo Vieira Naves