“Como um Casal Cristão tem que se Portar”
22 de junho de 2018“Resumo dos Trabalhos da Comissão Executiva da Assembleia Geral na Reunião de Março de 2018”
22 de junho de 2018“Em uma Igreja que está em Boa Ordem, seus Membros sabem Viver e sabem Morrer”
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. (2 Timóteo 4.7)
O Apóstolo Paulo nos ensina muitas coisas em sua segunda carta a Timóteo. Ele nos encoraja a permanecer no amor por Cristo e na sã doutrina (2 Timóteo 1:1-2, 13-14). Exorta-nos a evitar as crenças e práticas ímpias e a fugir de qualquer coisa imoral (2 Timóteo 2:14-26). Paulo ensinou que no fim dos tempos haverá intensa perseguição e apostasia da fé cristã (2 Timóteo 3:1-17). O Apóstolo encerra com um apelo intenso para que os crentes permaneçam firmes na fé e terminem a corrida fortes (2 Timóteo 4:1-8). No texto em questão, Paulo nos ensina como viver e como morrer.
Somos ensinados a viver, primeiramente, combatendo o bom combate. A vida cristã é frequentemente representada como uma guerra. Estamos o tempo todo lutando contra a carne, contra o mundo e contra o diabo. No capítulo 2, versículos 3 e 4, Paulo já havia comparado a vida a uma batalha quando disse: “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou”.
Em toda a Bíblia encontramos a figura da guerra como ilustração da vida cristã: Deus é chamado de “Senhor dos Exércitos” cerca de 273 vezes e, em Josué 5.13-15, Deus se apresenta como “Príncipe do exército do SENHOR”.
O termo “evangelista” é oriundo do meio militar. O evangelho é uma boa notícia, e o evangelista era o militar encarregado de transmitir as boas novas vindas do campo de batalha. Pais, mães, filhos e esposas aguardavam ansiosamente pelo evangelista, aquele militar mensageiro, adentrando a cidade e trazendo consigo a tão esperada notícia.
Tantos outros exemplos poderiam ser indicados, porém já se pode perceber, pelo que foi colocado até aqui, que a figura da batalha exemplifica a carreira cristã. Fomos chamados pelo Senhor dos Exércitos a, como soldados, batalhar “diligentemente pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos”.
Paulo combateu o bom combate, ele estava do lado certo, o lado de Cristo e de sua Igreja, lutando contra sua inclinação pecaminosa, contra o mundo que, de modo tão intenso, o tentava e contra o diabo que, como leão, busca em todo o tempo alguém a quem possa tragar. De modo semelhante devemos viver em constante batalha, combatendo o bom combate.
Somos ainda ensinados a viver correndo para completar a carreira. Outra forma usada pela Bíblia para representar a vida cristã é uma maratona. Em I Coríntios 9.24–27, Paulo diz: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim, luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. Assim como o atleta luta por uma meta (a medalha, o troféu, o reconhecimento), o cristão também tem uma meta em sua luta e deve empenhar-se em alcançá-la. A diferença está no fato de que os atletas correm por uma coroa corruptível, ou seja, que se deteriora com o tempo, enquanto o cristão corre por uma incorruptível, eterna. Portanto, o Cristão tem uma meta: a glória de Cristo.
Richard Baxter, no livro Manual Pastoral de Discipulado, disse o seguinte: “Sem a finalidade certa, muito estudo, muito conhecimento, excelência na pregação e tudo o mais, servirão apenas para acrescentar mais peso ao pecado de hipocrisia glorificada”.
Com o fim de atingir sua meta, o cristão deve se esforçar. Paulo esmurra seu próprio corpo a fim de combater a tendência carnal de tentar viver de modo a buscar promover a própria glória, assim como o atleta se sacrifica para controlar seu corpo de forma que ele o sirva, e não atrapalhe na conquista de seus objetivos. O sentido de esmurrar o próprio corpo, obviamente, não é literal. Paulo está usando o exemplo de alguém que se esforça para dominar seu corpo, ou suas inclinações procurando ter o domínio sobre si. Os monges, no passado, entendendo da forma errada as palavras de Paulo, criaram penitências tais como dormir em bancos, manter longas noites de vigília, autoflagelo, etc. No entanto, Paulo tinha outro princípio em mente. Para ele “o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1TM 4:8).
Paulo afirma sua preocupação em não ser desqualificado. O termo traduzido por “desqualificado” era usado em relação a metais e moedas que não eram aprovadas. O Apóstolo tinha em seu coração esse firme propósito de não ser reprovado no seu ministério. Por isso, procurava ter uma vida piedosa, ou seja, uma vida coerente com a sua pregação, constantemente lutando contra as inclinações da carne. Temos que viver segundo o que o Senhor nos prescreve. Paulo, como bom atleta de Cristo, era inteirado quanto às regras que deveria seguir para atingir seus objetivos, e procurou também instruir a Timóteo com relação a essas normas: “Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (2TM 2:5).
Assim, como bons atletas, corramos a boa carreira até o seu final, tendo a consciência de que, ainda que esta seja uma carreira muito difícil, irmãos no passado, capacitados pelo Senhor, completaram sua carreira e hoje compõem a grande nuvem de testemunhas citada em Hebreus 12.
Por fim, somos ensinados a viver guardando a fé. Paulo declara que guardou a fé, ou seja, viveu uma vida de fidelidade ao evangelho. Paulo foi alguém que, como bom despenseiro, guardou fielmente o tesouro de Cristo. John Stott diz o seguinte: “…a obra do apóstolo [….] é descrita como enfrentar uma luta, correr uma corrida, guardar um tesouro. Tais ações envolvem trabalho, sacrifício e até mesmo perigo. Em todas as três Paulo foi fiel até o fim”. Foi com esta consciência que Paulo chegou ao final de sua vida aqui na terra, em paz, como obreiro aprovado, como bom soldado, como bom atleta e como despenseiro fiel. Paulo partiu na certeza de que a coroa da justiça lhe estava guardada pelo Senhor, o reto Juiz.
No último dia 22 de abril, a Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil foi surpreendida com a partida de um dos seus mais destacados ministros, o Rev. João Alves dos Santos. Filho do Presb. Odilon Alves dos Santos e de Antônia Martins dos Santos (já falecidos), ele nasceu no dia 29 de novembro de 1943; em 1954, ingressou em nosso Seminário formando-se em 1963. Naquela época, a instituição oferecia três cursos: o propedêutico (atual fundamental), o pré-teológico (equivalente ao ensino médio) e o curso teológico. Após a licenciatura, foi ordenado, sendo designado como pastor do campo de Bauru, que incluía as igrejas de Bauru, Iacanga, Ibitinga, Itajú, Bariri, Brotas e as fazendas Pontal e Pau D’Alho. Atendeu também Glicério, Braúna e Birigui. Ele pastoreou também os campos da Alta Paulista e Sorocabana, e por breve tempo ainda cuidou das Igrejas de Limeira, em São Paulo, e de Pádua Dias, em Minas Gerais.
O Rev. João era mestre em Antigo Testamento pelo Faith Theological Seminary (EUA) e em Novo Testamento pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manuel da Conceição. Ele foi professor de nosso Seminário de 1974 a 2004, e seu diretor de 1980 a 1996, além de servir em diversas outras instituições teológicas.
Este ministro do Senhor foi, por certo, alguém que combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé. No dia 22 de abril, ele, que até aquele dia corria, foi promovido a engrossar a grande nuvem de testemunhas que temos a nos rodear (Hebreus 12.1). A graça do Senhor se manifestou em sua vida fazendo dele um crente em Cristo e alguém que conseguiu reunir erudição teológica e vida piedosa.
O Rev. João Alves foi, sem dúvida, alguém que aprendeu a como viver e a como morrer. Que o Deus eterno conforte toda a igreja, que é grata a Deus pela vida deste seu ilustre ministro, mas principalmente console e fortaleça sua esposa, Elaíne, e suas filhas, Aline, Anne e Louise.
Que Deus nos permita saber viver e saber morrer.
Autor: Rev. Welerson Alves Duarte (Presidente da IPCB)