“Uma Igreja em Boa Ordem é uma Igreja que Evangeliza”
24 de setembro de 2018
“Educação Cristã no Antigo Testamento, na Igreja Primitiva, na Idade Média e na Reforma Protestante”
17 de janeiro de 2019
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17 de janeiro de 2019
“Uma Igreja em Boa Ordem se Mantém em Ordem (1 Reis 4)”

Salomão foi o terceiro Rei de Israel e assumiu um povo que já tinha passado por várias administrações, espe­cialmente levando em consideração os juízes, de Moi­sés a Samuel. Ele conhecia as promessas feitas por Deus a Davi, seu pai, e a ele próprio, obviamente. Estas pro­messas envolviam a garantia de uma dinastia duradou­ra e a sabedoria para conduzir este povo.

Diante de tais promessas, sabe-se que Salomão estava prestes a governar um reino duradouro, destinado a dei­xar sua marca no mundo. Mais importante que isso, Deus está erguendo os fundamentos de um Reino superior, que jamais terá fim. A questão é: Como administrar um reino assim? E que lições pode-se tirar disso para a Igreja hoje?

A primeira coisa que Salomão fez foi organizar o reino. Sabemos que, no capítulo 3 de I Reis, Deus permite a Sa­lomão escolher o que queria pedir de Deus e Salomão suplica por sabedoria. Seu pedido é atendido e ele logo tem a oportunidade de usar esta sabedoria para fazer justiça no caso de duas mulheres que pleiteavam a ma­ternidade de um bebê.

Nos capítulos 5 a 7 encontramos a demonstração da sabedoria de Salomão na construção, tanto do templo quanto dos seus palácios. No capítulo 8 vemos sua sa­bedoria na adoração e, nos capítulos 9 e 10, sua sabedo­ria no comércio.

O capitulo 4 nos apresenta o uso da sabedoria de Sa­lomão na administração. A organização prática era fundamental para a construção, adoração e para o co­mércio. Esta sabedoria leva Salomão a montar o seu gabinete. Nele estão alguns nomes conhecidos como Natã, Benaia e Zadoque, os mesmos que deram o apoio fundamental para que ele se tornasse rei.

Aqui podemos ver que Salomão buscou pessoas de confiança e experientes, prontas a cumprir a vonta­de de Deus para o reino. Ele, portanto, colocou os ho­mens certos nos lugares certos. Estes homens abar­cavam toda a gama de trabalho necessário no reino: Havia sacerdotes para liderar o povo em adoração, secretários administrativos para lidar com a corres­pondência, cronistas para documentar as obras de Salomão para a posteridade, um general para o exército (Benaia), um chefe de gabinete (Aisar) e até um amigo (Zabude).

Em suma, há uma liderança para cada um dos ramos do governo, permitindo que o rei supervisionasse todos os assuntos. Salomão poderia ter entendido que, como Rei, poderia fazer tudo sozinho, ainda mais crendo que recebeu de Deus um dom especial. No entanto, ele reconhece a necessidade de ajuda; Salomão registrou em Provérbios que “na multidão de conselheiros há segurança” (Provérbios 11.14b).

Além dos líderes do governo que serviram na corte, Salomão também nomeou 12 go­vernadores. Seu reino era grande e populoso. O pedido de sabedoria em I Rs 3.8 mos­tra sua preocupação com a capacidade de governar tantas pessoas. Ao fazer esta no­meação de governadores, ele está seguindo o conselho de Jetro a Moisés (Êxodo 18).

Uma coisa a ser destacada é que, no caso dos governadores, não temos nomes fa­mosos, nem mesmo conhecidos. É fácil ignorarmos pessoas assim na Bíblia, que é repleta de nomes estranhos e de destaque, mas a vida destes homens também foi importante naquele reino. No Reino de Deus, todos os crentes em Cristo são importantes. Não devemos desanimar se nosso serviço a Cristo parecer insignificante ou esquecido por outros.

Podemos aprender, com isso, que uma Igreja em boa ordem vai ter uma orga­nização envolvendo pessoas dotadas por Deus de dons para cumprir bem o seu papel. Terá, assim, anciãos que com sua experiência e conhecimento ajudarão os mais jovens na árdua, porém prazerosa tarefa de liderar a Igreja de Cristo.

Mas o que esta organização provocou no povo? A mesma provocou alegria, e isto nos leva ao ponto seguinte.

O verso 20 nos diz que as pessoas comiam, bebiam e se alegravam. É interessante notar que os verbos estão construídos de forma a dar a ideia de ação continuada, ou seja, o comer, beber e alegrar-se entre eles era constante.

Esta alegria nos mostra que a administração eficaz é um dom da graça. Deus é um Deus de ordem e sua ordem pode ser vista no modo como ele criou todas as coisas, nas relações interpessoais, no modo como estruturou o lar.

Não costumamos ver a burocracia como algo que traz muita alegria, mas foi exatamente isso que ela fez no reino de Salomão. A sabedoria organizacional de Salo­mão foi uma bênção para o povo, e a boa ordem sempre causa este efeito. Fomos criados com a necessidade de ordem; onde quer que as coisas estejam em desordem, podemos estar certos de que estamos lidando com os efeitos desorientadores do pecado num mundo caído.

Embora longe de ser perfeita, a ordem que Salomão trouxe para seu reino foi um dom de Deus que deu ale­gria ao seu povo. Mas será que a organização era a úni­ca, ou a principal, razão de alegria? Não, pois o reino de Salomão também era um reino de Aliança, e assim en­tramos no próximo ponto.

Só boa administração não é suficiente para trazer verda­deira alegria. O nazismo era altamente organizado, po­rém não podemos dizer que ele trouxe alegria ao povo.

Profunda fonte de alegria no reino eram as promessas fieis de Deus. Os versos 20 e 21 não tem apenas o objetivo de mostrar que o povo era numeroso, mas sim que a pro­messa feita por Deus a Abraão estava sendo cumprida.

Geograficamente, pode-se dizer também que a terra prometida a Abraão, desejada por Moisés, conquistada por Josué e subjugada por Davi, agora estava nas mãos de um homem de sabedoria inigualável. Esta terra ma­nava leite e mel, por isso o povo comia, bebia e se alegra­va. Portanto, a razão de tanta alegria era o fato de Deus ser fiel às suas promessas.

O reino de Salomão era mais do que um bom governo terreno, era um reino de aliança, assim como deve ser a Igreja hoje. Mas o Reino de Salomão não é exatamente o nosso foco final. Nosso ponto seguinte mostra que este reino apontava para um Reino mais excelente.

O reino de Salomão era bom, mas ele prefigurava um Rei­no superior e eterno. Lucas 11.31 diz que Cristo é maior que Salomão. Quando olhamos para Salomão e, então, olhamos para Cristo, passamos de um domínio terreno para um domínio celestial, de uma monarquia temporá­ria para uma dinastia eterna, do bom para o excelente.

O Reino de Cristo é mais organizado e maior que o de Salomão. O Reino de Salomão recebia tributos dos po­vos ao redor (os versos 21 a 24, demonstram que Salo­mão dominava [Governar] – ação contínua, sobre todos os reinos ao redor, e que recebia deles tributo porque ele mesmo dominava [subjugar] sobre toda a região), já o Reino de Cristo recebe honra e glória de pessoas de todas as tribos, povos e nações. As promessas de Deus a Abraão, cumpridas parcialmente nos dias de Salomão, estão sendo transformadas em plena verdade no Reino de Cristo.

Este Reino perfeitamente ordenado traz uma felicidade plena, absoluta e eterna. Lamentavelmente, temos visto um movimento anti-ordem em nossas igrejas. Diz-se que a burocracia engessa, atrapalha, porém o texto em ques­tão nos mostra o contrário. Deus é um Deus de ordem.

Nossas Igrejas, Presbitérios, Sínodos, Assembleia Geral, sociedades internas, federações, confederações e todas as organizações e departamentos da Igreja precisam ser mantidos em boa ordem para a glória de Deus. Logicamente, esta ordem não dispensa a graça. Dependemos da orientação do Espírito Santo e, portanto, precisa­mos constantemente clamar por sabedoria, segundo o exemplo do rei Salomão.

Lembre-se sempre de que somos cidadãos de um Reino que não é deste mundo. A Deus somente toda a glória!

Rev. Welerson Alves Duarte

Presidente da Assembleia Geral da IPCB